sábado, 18 de fevereiro de 2012

A CONTINUIDADE (ENQUANTO ESTÍMULO STURGESIANO):

Acabo de assistir a um ótimo filme estadunidense: “Mulher de Verdade” (1942), estranho título nacional para o subestimado clássico cômico “The Palm Beach Story”, do genial diretor e roteirista Preston Sturges. Na primeira seqüência do filme, uma conjunção de qüiproquós frenéticos desemboca na cerimônia de casamento do casal central, composto pelos simpaticíssimos e apaixonantes Joel McCrea e Claudette Colbert. Após eles consumarem o seu amor, entretanto, um intertítulo gigantesco continua a mensagem de que “eles foram felizes para sempre” com um questionamento: “foram mesmo?”. O restante do filme é a prova de que sim, até mesmo quando parece prevalecer o contrário...

Muito pertinente – e não necessariamente casual – que eu tenha visto dois filmes seguidos do diretor Preston Sturges [antes de “Mulher de Verdade”, assisti ao divertido, mas não tão interessante, “As Três Noites de Eva” (1941)] no dia em que eu resolvi capitular com estas desajeitadas mudanças na estrutura do Fotolog: depois de tentar obter, sem sucesso, o porquê de minha senha estar sendo insistentemente recusada, resolvi dar continuidade ao meu descarrego diário de impressões sobre a vida no novo formato, utilizando o banco de dados anterior como complemento enciclopédico-sentimental. Evidentemente, isso não esconde a minha frustração com esta rede social que tanto me aprazia nem tampouco as precauções e baixas expectativas que acompanharão as minhas publicações daqui por diante. Como bem satirizou a protagonista de “Mulher de Verdade” no que tange ao desejo recorrente de fazer sexo com seu marido: “existem maus hábitos que não nos deixam jamais”...

Insistindo na comparação com os personagens sturgesianos [além dos dois filmes citados, assisti anteriormente à obra-prima “Contrastes Humanos” (1942) e ao boníssimo “As Trapalhadas do Harold” (1947)], o rapaz de óculos posicionado contra o muro de tijolos do quintal de sua casa tem bastante em comum com eles: não obstante as inevitáveis diferenças de classe (Preston Sturges costuma escolher milionários filantrópicos, bonachões ou sumamente erotizados como seus protagonistas), o senso de continuidade que move cada um deles tem muito a ver comigo, inclusive no sentido mais estereotipado e fútil metonimizado neste retorno ao confessionário virtual que me serviu de terapia cibernética ao longo de anos. Tomara que ainda sirva para isso, para além das decepções formais recentes. Em outras palavras: estou de volta!

Sim, eu estou de volta!
WPC>

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O texto acima, bem como a foto a ele acostada, fazem parte de minha tentativa de retorno ao divã virtual que atende pelo nome de Fotolog, 'site' que utilizava com regularidade diuturna há quase dez anos e que, de repente, enfrentou uma modificação estrutural horrenda, que, de uma hora para outra, me impediu de ter acesso à minha conta, sem qualquer explicação. Pelo sim, pelo não, criei uma nova conta. Quem quiser conferir meus devaneios confessionais ainda mais íntimos, estes podem ser encontrados aqui. Por enquanto, pelo menos!

Wesley PC>

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