quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A NOÇÃO DE SUSPENSÃO, ENQUANTO IMPEDIMENTO PROVISÓRIO E INTIMIDADOR:

Quando eu tinha 12 anos de idade, fui suspenso do colégio por uma semana. A diretora disse que eu só voltaria a entrar no estabelecimento de ensino se viesse acompanhado por algum parente ou responsável direto. Minha mãe trabalhava fora de casa, não conhecia o meu pai e já havia sido expulso de uma escola, de modo que não podia me arriscar a desobedecer esta determinação. Depois de faltar aula por dois dias (o que não me era tão problemático, já que eu conseguia recuperar o tempo letivo perdido com a leitura dos cadernos de meus colegas), interceptei um desconhecido na rua em frente ao colégio e pedi que ele se apresentasse na secretaria como meu tio e tutor. Surpreendentemente, o homem aceitou o pedido daquela criança esquiva e afetada que eu era e fingiu se importar com os sermões que a diretora lhe imputou sobre o meu mau comportamento, apesar de minhas notas serem altíssimas. Nunca mais encontrei novamente com este homem em minha vida – pelo menos, não que eu me lembre! – e, naquele ano de 1993, eu aprendi na prática o significado de chantagem emocional. Para desaprender de novo foi um trabalho atroz...

Pois bem, quase 19 anos após este evento tragicômico, vejo-me novamente sujeito a uma suspensão: precisei pedir folga na manhã de hoje, no local em que trabalho, a fim de redigir um projeto de pesquisa do qual preciso a fim de realizar uma exigência natural do processo de evolução humana capitalista e meritocrática. Enquanto escrevia com dificuldades o tal projeto e tentava tornar inteligível o meu problema de pesquisa, me vi atormentado por diferentes crises existenciais, que dificultavam ainda mais a concepção do projeto requisitado. O limite mínimo era de 10 páginas e o máximo, 12. No final de semana, quando comecei a escrever, havia conseguido atingir apenas 2 páginas, o que me deixou deveras preocupado com meu rendimento acadêmico. De ontem para hoje, escrevi 18, o que me antecipa dificuldades na hora de “enxugar” o texto a vida é mesmo irônica, não é? O pior é que, por causa das preocupações relacionadas a este trabalho, deixei de ver o filme de estréia de Raffaele Rossi, exibido na TV na madrugada anterior. Quando será que terei a oportunidade de me deparar novamente com “Pedro Canhoto, o Vingador Erótico” (1973), hein? Quando?! Suspensão é um troço absolutamente intimidador!

Wesley PC>

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