terça-feira, 31 de janeiro de 2012

DA ARTE DE FAZER PLANOS E SOBREVIVER A ALGUNS DELES!

Ontem à noite, eu havia marcado para ver um filme antigo (e erótico) do Paul Verhoeven com um amigo progressivamente interessado em sexo. A nova namorada dele – que eu ainda não conheço, apesar de terem transcorrido mais de três meses desde que ele se tratam como “meu amor” – precisou que ele fosse buscá-la num determinado lugar e ele me telefonou, protelando nossos planos. Ao invés de ver o filme, portanto, algumas horas depois do telefonema eu me vi ajoelhado diante de um rapaz que usava uma grossa bermuda ‘jeans’ enquanto assistia a uma série animada televisiva no computador. Adaptar-se aos novos planos faz parte da vida (e das teorias de Edgar Morín também)!

Em dado momento da minha noite de ontem, fui dominado pelo receio de incomodar o meu interlocutor assimétrico quando eu beijei o seu couro cabeludo com o rosto embebido de seu sêmen. Temi que ele se incomodasse em ser melado com seu próprio colóide orgástico, visto que não pude sorver todas as gotas que ele ejaculou. Algumas foram derramadas sobre suas ancas e, ao invés de eu lambê-las com fúria desejosa, preferi esfregá-las em minha face, com uma fúria ainda mais desejosa. De certo modo, eu o amava. Do modo certo, eu o amava. Como se houvesse um modo certo no que tange ao amor. E pensar que, minutos antes, eu lia um vitupério do filosofo de “auto-atrapalhação” Luiz Felipe Pondé contra o amor respeitoso, dizendo que isso vai de encontro ao que se realmente se sente: quem disser que ‘amar é querer o bem de quem ama’ é porque nunca amou. Amar é querer o outro para si ou querer que o outro deixe de existir. Isso é ‘querer comer’ o outro”, diz o filósofo, que, mais tarde, num mesmo artigo, acrescentaquando amamos e desejamos alguém, violamos”. Eu obviamente discordo radicalmente de tudo isso. Eu amo e respeito o outro e sinto como já tivesse amado sim. Ponto.

Não cheguei em casa tradicionalmente satisfeito (no sentido organicamente provisório do termo), como sói acontecer em situações similares envolvendo o mesmo rapaz, porque contingências cronológico-familiares obrigaram-me à subsunção derradeira de uma masturbação feroz e quase técnica, não obstante também provida de paixão, desejo e “amor respeitoso”. Eram novos planos. Hoje eu tenho outros: o meu amigo vai quererá ver o filme de ontem, mas, como é aniversário de sua filha pequena, preferirei que ele esteja com ela. Na TV, será exibido “Palácio de Vênus” (1980), filme de meu divo roteirístico Ody Fraga que ainda não vi. Meus planos hoje são diferentes – e, ao mesmo tempo, tão parecidos...

Wesley PC>

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