sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A CADA VEZ QUE TU TE BANHAS...

“Bom dia, Senhor Juiz. Estamos aqui para julgar Karina e Sheila por homicídio”...

Mais uma vez, vi um filme do Jean Garrett. Mais uma vez, me sinto arrebatado por seu estrito senso de erotismo intelectivo, por um cheiro de sexo que impregna cérebro, alma e sentidos em iguais medidas. Jean Garrett é gênio: como pude passar tanto tempo de minha vida sem conhecer este artista?!

Acabo de ver “Karina, Objeto de Prazer” (1981), filme absolutamente surpreendente e cheio de reviravoltas, em que a protagonista, vivida por uma dramática Angelina Muniz, é explorada sexualmente por seu “dono” Rufino (Luigi Picchi), que a aposta no jogo, a oferece como barganha para empréstimos com lésbicos, excita-a diante de cavalos reprodutores, obriga-a a dançar nua, vilipendia a mulher de todas as formas. Logo no início do filme, ela o assassina por legítima defesa moral. É presa e, na cadeia, apaixona-se por sua advogada, que pede antes que ela rememore todos os sofrimentos que a levaram a chegar até ali, inclusive um tórrido relacionamento com o personagem do diretor Cláudio Cunha, que aparece nu numa seqüência-chave. Tem como não se tornar fã de um diretor que conduz com mão firme uma trama como esta? Para piorar (ou melhorar), a ex-namorada de uma amiga de trabalho me empanturrou de mensagens suplicantes enquanto eu gritava que não queria mais que ela falasse sobre a outra. E o filme me estapeava: amar é um negócio que dói. Ágape é algo que nos consome?

Numa cena interessantíssima do filme, Rufino despe Karina diante de um sobrinho jovem, a quem ele gostaria de transformar em seu sucessor no crime: “tu terás que me substituir na cama e na prisão. É bom que comece logo...”. Ele aceita. Despe-se e deita-se sobre a bela mulher, mas, quando está prestes a gozar, é empurrado longe por seu tio, que o esnoba, que o destrata, o que só fica pior quando Karina geme de prazer. E era como se eu visse a mim mesmo e me perdoasse. Como se eu entendesse o que me aconteceu... Esta semana, estou antissocial. Muito trabalho, muitas aparências. Mas que não venham me dizer que não amei. Ah, sim, senhor, como eu amei. Assim sendo, Juiz, eu sou culpado!

Wesley PC>

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