sábado, 17 de dezembro de 2011

UMA HISTORIETA PÓS-ITABIENSE:

Era uma vez um menininho hiperativo que vivia com seus pais e irmãs numa cidadela do interior sergipano. Ele tirava boas notas na escola, mas era brigão, vivia correndo e caindo, tinha a cabeça cheia de cicatrizes. Seu pai fazia queijos e sua mãe cozia deliciosos suflês de vegetais. Estudar Geologia sempre foi um sonho, apesar de ele não fazer questão de dinheiro: “nunca joguei na loteria”, dizia. Ficava com raiva quando seus vizinhos diziam que a menina com quem ele namorava estava grávida. Ela não estava. Mesmo que estivesse e desmaiasse quando visse um acidente de carro, isso não seria da conta de ninguém. Fora isso, ele seria engraçado. Tímido, depois que sofrer tantas admoestações por causa de sua hiperatividade, mas sorridente. Pela manhã, ele trabalha. Às tardes, ele estuda. À noite, ele se diverte com jogos eletrônicos em seu computador ou cuida da irmã mais nova, que é portadora de Síndrome de Down. Ele é lindo, por dentro e por fora. Deve saber disso. E, numa noite como qualquer outra, ele recebe uma mensagem de celular sobre um filme em que pessoas “normais” desejam se tornar deficientes físicos. “Não gosto de deixar quem fala comigo sem resposta”, comunica ele. É bonito, por dentro e por fora. E fiel. E existe! E não lerá esse texto, sob pena de que ele não acredite que eu o respeito, sobretudo, pela pessoa boa que ele é.

Wesley PC>

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