sábado, 31 de dezembro de 2011

O ÚLTIMO FILME DE 2011 E O CONSELHO EMBUTIDO PARA 2012:

Neste mês de dezembro, coincidentemente, assisti a vários filmes em que o ator juvenil Zac Efron era o protagonista e calhou de justamente ele assumir o papel principal do derradeiro filme visto este ano. Ou seja, querendo ou não, algo em seu desempenho no filme “Eu e Orson Welles” (2009, de Richard Linklater) tornar-se-á o meu primevo conselho comportamental para 2012. Não sei o que ainda, mas algo havia naquele filme que me dissesse respeito...

No filme em pauta, dirigido por um cineasta ‘pimba’ que eu considero como “leve arquiinimigo”, no que tange à minha teimosia em admitir que ele é arrojado e criativo, para além de suas pretensões ostensivas e aparentes, o citado Zac Efron interpreta um garoto apaixonado por William Shakespeare que, em 1937, casualmente se torna membro do Mercury Theater, companhia teatral nova-iorquina de vanguarda dirigida por aquele que, em 1941, protagonizaria e dirigiria “Cidadão Kane”. Ocorre de ele se apaixonar por uma das protegidas do diretor e, como tal, entra em conflito direto com a sua petulância genial. Simples assim: por mais profissionalmente vilanaz que seja a tal personificação de Orson Welles, é como se ele tivesse motivos, razões e justificativas para ser assim, defende o filme. Era como se Richard Linklater estivesse a representar os seus próprios devaneios pretensamente autorais dentro de uma corrente dita “alternativa” do cinema hollywoodiano. Ele tem direito a este voto de defesa? Sim, tem. Ele me convenceu? Talvez. O filme te disse algo além disso, Wesley? É o que eu estou me perguntando ainda agora...

Nesta última semana de 2011, três acusações referentes ao meu sobejo de “exibicionismo sarcástico” ditaram a imposição da melancólica característica da época sobre mim: no trabalho, fui acusado de tirania infundada por um reclamante pérfido; na vida pessoal, duas pessoas muitíssimo relevantes e queridas afastaram-se de mim por causa de uma espécie de hipertrofia da precaução, receosas de que a minha língua solta e meu senso de humor ácido corroessem os novos direcionamentos de suas vidas. A mim, resta acatar, mais ou menos como fizeram os demais integrantes do Mercury Theater no filme citado. Fazer o quê?

Um detalhe interessante sobre tudo o que foi escrito anteriormente é que, após a sessão do filme, eu saí de casa para visitar uma amiga recém-divorciada que mora aqui mesmo no conjunto. Enquanto caminhava sob o sol, fui atingido por uma impressão de impotência muito forte, convertida numa timidez quase paralisante e numa impressão dominante de feiúra. Eu me sentia feio enquanto caminhava, muito feio, mas achava injusto deixar de seguir o meu rumo, cumprir a promessa de visitar a amiga necessitada de uma boa conversa. Afinal, cheguei em sua casa e, lá sentado, fui carinhosamente penteado por sua filha pequena. Quando estava voltando para casa, fui novamente afligido pela tal timidez, mas não sentia mais tão feio. Aí eu percebi que segurar a armação de meus óculos me causava a impressão de certa invisibilidade. Quanto eu me sentia constrangido por causa do olhar de alguém, bastava segurar os óculos que eu conseguia enfrentá-lo, ao menos provisoriamente. E aqui estou eu: que venha 2012!

Wesley PC>

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