quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

“GUITAR SOLO” (OU O QUE ENTRISTECE É A COMPARAÇÃO)

Eu estava evitando comentar algo sobre a terceira temporada do seriado “Glee”. Não que eu tenha deixado de assistir ou sentisse vergonha de tal, mas porque o encanto inicial obviamente decantou: agora eu percebo com muito mais evidência e irritação o quão comercial é este seriado, no sentido mais violentamente negativo do termo. Tomo por exemplo concreto o episódio que acabei de ver, o quinto da referida temporada (“The First Time”, 49º no total), em que três virgindades são anunciadas e ameaçadas: a virgindade da protagonista ambiciosa que enxerga o sexo como mero trampolim para sua carreira; a virgindade do menino ‘gay’ que quer que sua primeira penetração seja inesquecível; e a virgindade da treinadora masculinizada de futebol americano, que, apesar do que todos pensam, gosta de homens. Não sei se (des)gostei por completo do episódio, mas, em dia de publicação de resultado do Vestibular, algo nos rompimentos alegres de hímens que encerram este episódio fez com que eu me sentisse nojento: estive me comparando com os personagens – e, dentro dos critérios ali apresentados, perdi na comparação. Não é bem-feito para mim?

Dizendo de outra forma: não obstante eu ser plenamente cônscio de minhas limitações e de algumas virtudes, sou bombardeado o tempo inteiro por questionamentos acerca de meu comodismo subprofissional, de minha virgindade erotógena, de minha estagnação intelectual-acadêmica, de minha maturação mais geral, enfim. E, por mais que eu finja que isso não me atinja, que estou pouco me lixando para o que não me apraz, isso me deprime aos poucos, no sentido mais vendável do termo. Propositalmente triste, eu quero gastar. E nem assim eu me consolo: quais são os meus verdadeiros interesses? Nesta época que antecede a véspera das festas de fim de ano, eu tendo a me sentir confuso, solitário. Tanto que não tenho nem coragem de continuar esse texto, de pôr para fora o que me aflige aqui. Ouvirei “Halloweenhead”, do Ryan Adams, no caminho para o trabalho amanhã. De novo. Da primeira vez foi assim. Eu sou um idiota!

Wesley PC>

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