sábado, 17 de dezembro de 2011

COMO É QUE EU EXPLICO ISSO: “NÃO, NÃO É PORNOGRAFIA!” OU “ATÉ PODE SER, MAS É DE PRIMEIRA QUALIDADE”?

Infelizmente, a maioria dos debates acerca do autonomeado curta-metragem essencialmente mexicano “Bramadero” (2007, de Julián Hernández) redundam no superado dilema entre as fronteiras contíguas da Arte e da Pornografia. Prefiro não me inserir nesta falsa discussão: o filme ultrapassa ambas as delimitações e é genial apesar (ou por causa) disso. Acabo de vê-lo – após vários meses desejando encontrar o momento ideal para aproveitá-lo – e quedo-me ainda impressionado: é belíssimo, é apaixonante, tem a ver comigo bem mais do que a imagem sugere...

No que se pode aferir da trama do filme, Michelangelo Antonioni é, sem dúvida, uma influencia capital para o diretor: num prédio em construção, um rapaz escultural cochila. Outro jovem muito belo sobe o lance de degraus de madeira que dá acesso à cobertura em que o rapaz dorme e despe-se diante dele, que rasteja em direção ao seu pênis flácido e pubianamente depilado. Não demorará muito para que um abocanhe o órgão sexual do outro. Não ouvimos gemidos, apenas sons urbanos, buzinas de carro, máquinas de construção, etc.. Não vemos os rapazes ejacularem. Não sabemos sequer até que ponto ambos estão apreciando aquele ato sexual silencioso, súbito e incalculado. De repente, um deles espanca o outro. E aparece um bolero na trilha sonora: “Em Esta Tarde Gris” (na voz de Javier Solis). E eu fui junto...

No crédito final do filme, aparece um poema apologético ao amor, a qualquer tipo de amor, ainda que violento. E eu não entendi porque este filme é tão desdenhado ou incompreendido, até mesmo por homossexuais. É lindo. É dorido. É humano. É real. É de hoje!

Wesley PC>

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