quarta-feira, 23 de novembro de 2011

SÓ PORQUE EU POSSO! (COMO EU PUDE PERDER O FINAL DESTE FILME?)

Em verdade, titubeei bastante antes de escrever algo sobre “Possuídas Pelo Pecado” (1976, de Jean Garrett), de tão contemplado que eu me senti ao ler um excelente artigo escrito pela Andrea Ormond, mas o fato de ter adormecido nos três minutos derradeiros desta quase obra-prima nacional me levam a resumir algo sobre o impacto insistente que este filme ainda deposita sobre mim: estou impressionado, absolutamente impressionado!

Como eu posso ter me identificado tanto com um filme em que quase todos os personagens são absurdamente alcoólatras? Simples, o vício em álcool é meramente tangencial no enredo: a suposta possessão pelo pecado contida no título é o que determina a tônica da identificação ampliada: como não se ver na cena em que uma mulher em estado de suprema necessidade etílica beija o sapato de um milionário arrogante e pede um gole de uísque a esta peça inanimada da vestimenta masculina? Como não se ver na cena em que a mesma mulher rasteja até um chiqueiro no afã por bebericar algumas doses da mesma bebida? Como não se ver nos paroxismos orgiáticos recorrentes do filme? Como?

O que mais me surpreendeu, entretanto – para além da intensa genialidade do diretor Jean Garrett, que se vale de um elenco eficiente, de uma montagem contundente, de uma magistral trilha sonora tchaikovskiana e de uma fotografia deslumbrante – foi a verdadeira rasteira que o filme dá em quem espera dele um mero entretenimento erótico. Tudo aqui é entupido de psicologia, de violência moral, de análise de costumes, de discurso acerca do fracasso econômico da luta de classes. Definitivamente, este filme não se configurou como uma obra-prima por pouquíssima coisa (incluindo o final que eu não vi): simplesmente genial – e brasileiro por excelência!

Wesley PC>

3 comentários:

neomautusiano disse...

Legal sua critica, é bom ver que as pessoas estão vendo esses filmes sem aqueles preconceitos imbeciis e imbecilizantes que a maioria tem, mas só uma coisa, é Jean Garrett e não Tony.

Pseudokane3 disse...

Êtcha, nem percebi o erro na grafia. Corrigindo agora mesmo!

E já falei com um amigo meu que conseguiu gravar esta pérola. Estou mais do que ansioso para revê-lo. Genial 'ad extremis'! (WPC>)

Gomorra disse...

CORRIGIDO, ufa!

Gosto muito daquele galego para errar o nome dele assim: os suspiros que lancei em A FÊMEA DO MAR não foram à toa (kkkkkk)

WPC>