domingo, 20 de novembro de 2011

“SABES POR QUE EU ARROTEI? POR DOIS MOTIVOS, UM FISIOLÓGICO (COMI DEMAIS) E OUTRO FILOSÓFICO (PARA INSTAURAR AÇÃO NO ‘DOGMA’)”!

Creio que o depoimento acima seja auto-suficiente em relação ao que pode ser aventado acerca da qualidade de “Does It Hurt? The First Balkan Dogma” (2007, de Aneta Lesnikovska), pretensioso filme macedônio que vi na tarde deste domingo, meio sonolento, depois de ter trabalhado como fiscal de concurso pela manhã. Na sala em que eu estive, havia vários Weelingtons e Wedinas e estes sorriam sempre que eu os abordava pelo prenome. Ser simpático é parte essencial de meu “estar no mundo”, ao contrário do que demonstrava a diretora do filme (interpretada por uma atriz), pretensiosa e infantilizada em sua necessidade de superar Lars Von Trier, Catherine Breillat, Roman Polanski e quem mais passasse por seu rol de referências autorais. Apesar de tudo isso, entretanto, o filme não é tão ruim quanto o depoimento acima deixa parecer: uma e outra cena são dignas de menção e comparação com eventos da vida real...

No filme, vida real e cinema parecem se confundir. Esta é a intenção da diretora, que, pelo que entendi, mentiu para seus amigos sobre estar sendo financiada pela produtora dinamarquesa do Lars Von Trier para filmá-los em situações que seriam posteriormente lançadas como o filme em si. Conforme se pode perceber na imagem acima, que emula descaradamente um filme breillatiano protagonizado pelo ator pornô Rocco Siffredi, a iminência do sexo enquanto desacato manifesta-se como mais uma constante no cinema produzido hodiernamente nas antigas repúblicas iugoslavas, posto que, apesar da evidente diferença de estilos, pode-se comparar a verve directiva da Aneta Lesnikovska com o oportunismo proto-discursivo de um polêmico filme recente do cineasta Srdjan Spasojevic: ambos se afobam e crêem que seus filmes são mais imponentes do que realmente são. Isto não é necessariamente um problema, mas incomoda em ambos os casos por causa da discrepância entre apanágios fílmicos e complementos avaliativos externos que configuram uma nova relação com o filme em si, impregnada da impureza constitucional da contemporaneidade. Em outras palavras: acho que estou ficando velho!

Wesley PC>

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