segunda-feira, 14 de novembro de 2011

“PERSON” (2006, DE MARINA PERSON):

Por ser conhecidíssima como VJ da emissora MTV, era de suspeitar que o longa-metragem documental de Marina Person sobre seu pai, o prestigiado cineasta Luís Sérgio Person (1936-1976) possuísse um caráter predominante videoclipesco. Por outro lado, a óbvia intimidade da diretora com o seu objeto de pesquisa garantiria de antemão o apelo emocional do filme. Dito e feito: vendo o filme há pouco, há de se elogiar (não reclamar, elogiar mesmo) o tom videoclipesco de uma ou outra cena musicada pelo Jorge Ben Jor e laurear a beleza familiar com que a diretora conduz a sua exposição biográfica. Que bela homenagem a um dos maiores artistas cinematográficos de nosso Brasil! Impossível não sair da sessão deveras emocionado.

Assim de cara, o que mais me chamou a atenção positiva neste filme foi a magnífica escolha de entrevistados: além de esperadas e bem-sucedidas inversões dos papéis de entrevistadora-entrevistada, em que a diretora, sua mãe e sua irmã Domingas se vêem revelando dados mui pessoais da convivência com o cineasta, os depoimentos de Carlos Reichenbach (que sempre realça a iconoclastia do antigo professor, inclusive quando este se vê metido com publicidade), Millôr Fernandes (que alega, com a precaução de não ser mal-compreendido, que o cineasta era muito bonito), Jean-Claude Bernardet (que pode ser pernóstico, mas tem muito conhecimento de causa sobre o biografado), Paulo José (que revela divertidos chistes sobre o diretor), entre diversos outros entrevistados, valorizam sobremaneira a importância documental deste filme. Além disso, preciosíssimos materiais de arquivo (inclusive um trecho de programa da TV Cultura em que o cineasta cita Mário de Andrade para definir a sociologia como “a arte de salvar o Brasil rapidamente”) tornam-no obrigatório para quem é fã do Luís Sérgio Person, como fui obrigado a ser depois que me vi derretido de amores (no sentido mais literal do termo plural) por sua obra-prima “São Paulo S/A” (1965). Depois que tive a oportunidade de assistir ao impactante “O Caso dos Irmãos Naves” (1967), o meu respeito por este cineasta tornou-se devoção. Quero muito ver mais de seus filmes!

Extensivamente, enquanto eu assistia ao filme, olhava para minha mãe com carinho sobressaltado e aproveitava cada mínima oportunidade párea abraçá-la ou simplesmente acariciá-la. Apesar de fingir que não estava entendendo o que estava acontecendo comigo, eu tenho certeza de que a senhora Rosane de Castro sabia muito bem o que eu sentia diante daquele precioso documento íntimo e emocional. Marina Person, filha e diretora cinematográfica, está de parabéns!

Wesley PC>

2 comentários:

Nick disse...

Não sabia que o pai da Person era famoso assim. Me parece interessante a película, ainda mais por quem nela participa. Interessante.
E essa coisa de filho fazer coisa de pai, sempre tem aquele pedacinho de coração que estraga ou engradece as coisas.

Abraços.

Gomorra disse...

Aqui, engrandece e MUITO!

E o pai dela é mais do que famoso: é de uma genialidade suprema!

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