quinta-feira, 10 de novembro de 2011

“FOME E DISCIPLINA É O QUE NOS TORNA MAIS FORTES”...

Pouco tempo depois de ver o afetuoso “Senhoritas em Uniforme” (1931, de Leontine Sagan & Carl Froelich), estive diante da bermuda verde de um rapaz. O velcro estava fechado e ainda havia resquícios de sêmen em sua uretra, decorrentes de uma masturbação recente e silenciosa no chuveiro, a qual foi observada por mim em seus minutos finais. No final do filme, uma personagem pensa em suicidar. Apaixonada por sua professora, ela enxergava na extinção de sua vida a extirpação de sua angústia. Por sorte, suas amigas a resgataram do precipício de concreto. Por mais inconcluso que seja a aplicação de seus desejos, ela tinha direito à vida. Mais do que direito, ela tinha o dever à vida. No contexto germânico pré-nacional-socialista, uma moral da estória como esta deve ter perturbados deveras os germes doutrinários do autoritário Joseph Goebbels...

Apesar da pujança dramática e pulsional de sua trama, “Senhoritas em Uniforme” é um filme de uma leveza impressionante. Envelheceu muito bem, aliás. A fotografia conservadamente expressionista, as interpretações, o lesbianismo tenro e irrestrito: definitivamente, este é um filme que ainda chama muita atenção. Afinal de contas, em plena década de 1930, as garotinhas beijavam outras garotinhas sem qualquer pudor interno. Se elas amavam, elas demonstravam, diante de quem fossem... Hoje em dia, as coisas são diferentes. E, diante do filme, eu repetia por dentro: “eu sou sapatão, eu sou sapatão”...

Terminada a sessão, enviei uma mensagem de celular a quatro amigos, comentando o meu impacto diante do filme. Apenas uma delas, uma rapariga lésbica que trabalha comigo, respondeu-me de pronto. Queria lhe passar este filme, como presente, mas a cópia de que disponho está legendada apenas em inglês. Se eu tivesse chegado à casa dele alguns segundos antes, talvez impedisse que o esperma escorresse solitariamente de sua genitália. Ia adiantar de algo? Estariam aquelas gotas de leite másculo destinadas à saciação de meu mal-estar interno? Quis crer que sim e, antes das 23h, eu me vi lambendo um de seus mamilos. Foi o suficiente. Tive que voltar para casa. No rádio, uma música triste. No quintal, uma ave barulhenta. Na cozinha, minha mãe me oferecendo panetone com café quente. E eu querendo escrever algo relevante sobre o filme, mas me confundido, deixando-me dominar por minhas carências: idiota que sou, idiota!

Wesley PC>

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