quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EU ESTAVA TENTANDO ME CONTROLAR, MAS NÃO CONSIGO!

“O mero ato de mastigar e de engolir alguma coisa, mesmo que isso não alimente o corpo, alimenta os seus sonhos. E os sonhos de comida são como todos os demais – você pode viver deles até morrer”.

A frase acima é proferida por um rato desmamado, irmãos de outros 12 ratos, abandonado pelo pai, filho de uma mãe bêbada, que, ao perceber que nascera numa livraria, sobre os retalhos de um livro pouquíssimo lido de James Joyce, torna-se um leitor contumaz. Acrescenta ele: é quase uma lei da psiquiatria que a combinação entre intelecto precoce e fraqueza física pode originar muitos traços de caráter desagradáveis – avareza, mania de superioridade e masturbação excessiva, para ficar apenas em alguns”. E, apesar de estar ainda no meio do quarto capítulo, já posso dizer em alto e bom som que sou fã de “Firmin”, livro escrito pelo norte-americano Sam Savage, em 2006.

Nunca tinha ouvido falar desse livro até a semana passada, quando redigi uma postagem em que me punha emocionalmente a favor dos ratos, quando um amigo jornalista se prontificou em me emprestar este livro, que logo se revela como uma obra-prima de melancolia e identificação letrada. “Um rato culto é um rato solitário”, escreve alguém na contracapa do livro, confirmando o grau de originalidade e criatividade deste livro, o qual já penso em protelar bastante a devolução ao seu dono, a fim de emprestá-lo à maior quantidade de amigos possíveis. Afinal de contas, por mais que eu me contenha para resenhá-lo apenas ao final da leitura das 244 agradáveis páginas da edição que se encontra em minhas mãos neste exato momento, mas quem disse que eu consigo conter a empolgação? Maravilha de livro!

“Rir para não chorar – algo que, é claro, também não posso fazer. Nem rir, aliás, pois, no assunto em pauta, a não ser dentro da minha cabeça, isso é mais dolorido do que as lágrimas”.

Wesley PC>

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