domingo, 13 de novembro de 2011

AUTO-AJUDA PARA CRIANÇAS, COM TUDO DE PROBLEMÁTICO QUE A CONTEMPORANEIDADE TRAZ!

Não vi tantas das produções animadas protagonizadas pelo complexado personagem Charlie Brown quanto gostaria, mas, sempre que me vejo diante de uma de suas desventuras, fico empolgado com as similaridades percebidas com meu núcleo pessoal de amigos. As situações circunvizinhas ao apego oportunista demonstrado entre o cabeçudo Minduim e seu cachorro Snoopy têm muito a ver com aquilo que eu mesmo percebo ao meu redor: há uma menina obcecada por um garotinho que não larga seu cobertor; há outro, metida a psicóloga, que não deixa um pueril virtuose do piano em paz para praticar sua devoção a Ludwig van Beethoven; há um rapazinho que não se lava e isso faz com que ele pareça seguro de si aos olhos de outrem, tudo muitíssimo coerente com os neuróticos juvenis formatados por esta contemporaneidade suplantadora e consumista!

Pois bem, na manhã de hoje, assisti por acaso ao média-metragem “A Felicidade é um Cobertor Quente, Charlie Brown” (2011, de Andrew Beall & Frank Molieri), mas, ao contrário do que eu pensava, desgostei do filme: é afobado em suas imposições por identificação com a platéia, mas, ainda assim tem lá seus bons momentos, graças à preocupação dos diretores em emular as ‘gags’ corriqueiras que caracterizaram os filmes outrora dirigidos por Bill Melendez. Por que eu não gostei do filme? Porque, aos poucos, o que parecia afobação revelava-se premeditação. E, como tal, não me senti contemplado pelos recursos de auto-ajuda do filme.

A sinopse do filme mostra o compulsivo Linus tentando encontrar uma maneira de esconder de sua avó autoritária que ainda carece de seu cobertor azul para se sentir confortável entre outras pessoas. Sua irmã Lucy faz de tudo para forçá-lo a abandonar o pedaço de pano, sendo inclusive violenta, enquanto o cachorro Snoopy tem interesses diversos acerca do mesmo cobertor. Ao final, incapaz de livrar-se de sua renitente mania, Linus pergunta em alto e bom som: “quem aqui é capaz de dizer que se sente, de fato, seguro?”. O modo indulgente com que a situação consecutivamente responsiva foi conduzida me incomodou deveras. Ou seja: o filme falhou em seus intentos. Interesseiro demais!

Wesley PC>