sábado, 8 de outubro de 2011

“TUDO O QUE TU CONSEGUIRES COMER!” OU A VAZÃO DO RODÍZIO MIDIÁTICO LEGAL CONTEMPORÂNEO:

PREÂMBULO: conforme destacado por Alindo Machado, na página 19 de um livro em que ele parafraseia Walter Benjamin: “com a desmaterialização do objeto cultural, o conceito de cópia (e, por extensão, o de reprodução) torna-se destituído de significado. A cópia ainda está aprisionada a um objeto único que não é mais o ‘original’, mas a matriz. Para copiar um filme ou uma fotografia é preciso ter acesso ao negativo, que continua sendo um objeto único, embora não mais o ‘original’, visto que não se destina à exibição. A posse da matriz implica o controle das cópias, o que quer dizer que a cultura da reprodutibilidade não corresponde a qualquer desmaterialização plena dos bens culturais”.

Na tarde de ontem, uma de minhas professoras perguntou à turma se seria problemático exibir um documentário em inglês com legendas em inglês. O tema do tal documentário – chamado “Good Copy, Bad Copy” (2007, de Andreas Johnsen, Ralf Christensen & Henrik Moltke – era a “revolução” nos costumes midiáticos contemporâneos, alavancada por contextos como a profusão cibernética dos ‘downloads’ culturais e a já comentada ‘Estética do Remix’. Por mais que eu tenha problemas “paradoxais” com esta tal revolução (tanto que a citei entre aspas, anteriormente) tive que admitir que ver o filme em inglês era absolutamente cômodo, de tal globalizado – em mais de um sentido não-julgamental – que é o seu tema. Dito e feito: a turma inteira compreendeu o que os depoentes defendiam no filme, por mais que um ou outro não concordasse com o que era defendido ali...

O filme em si, formalmente defeituoso por confiar demasiado em seus atrativos forçosos de ambientação (vide o momento em que o controverso DJ Girl Talk comenta sobre a escolha do molho que porá em sua comida ou um plano em que é mostrada a chuva caindo sobre o estúdio de um produtor musical paraense), também é incipiente em sua argumentação conteudística. Apesar de contar com preciosos depoimentos dos defensores mais verazes do Criative Commons (Lawrence Lessig e Ronaldo Lemos, este último brasileiro), o assunto central do filme não me pareceu tão seguro quanto o é no (quase) ótimo “RiP! A Remix Manifesto” (2009, de Brett Gaylor), visto na aula passada da mesma professora. De minha parte, incomodou-me deveras as confusões valorativas entre os elogios a iniciativas como o Tecnobrega, aqui no Brasil, e a indústria de filmes caseiros Nollywood, na Nigéria, e o entusiástico panorama de um novo diagnóstico acerca da “economia da cultura” contemporânea. Deve ser um problema muito pessoal, visto que, a cada novo contato com este tipo de mixórdia midiática, eu me sinto mais purista em relação a ideais “vencidos” de arte mediada pela Eletrônica. E, nesse sentido, é também um objetivo do filme que eu me sinta assim. Conclusão: tenho muito mais o que pensar – e me afetar – sobre o assunto!

Mas, venhamos e convenhamos: na apreciação particular deste filme, é ou não é mui elucidativo que os adjetivos “bom” e “mau” estejam se digladiando (ou se mancomunando) em seu título? Apesar de tematicamente relutante (no que tange a uma adesão defensiva mais pragmática), estou aberto ao debate, visse?

Wesley PC>

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