quarta-feira, 19 de outubro de 2011

“TU ACHAS QUE CONSEGUIRÁS TE LIVRAR DESTE FERIMENTO?”...


Glupt, nem que eu pudesse ou quisesse!

Por essas e outras que eu não consigo entender um acaso como sendo algo menor do que uma manifestação teofânica. Tive diversas oportunidades de ver “O Sangue de um Poeta” (1930, de Jean Cocteau) ao longo de meus trinta anos de idade, mas, sabe-se por qual motivo, deixei para fazer isso justamente no despertar de um dia chuvoso, em que eu dei folga para mim mesmo no trabalho e estava um tantinho incomodado (e excitado) por causa de um sonho em que eu me sentia mais estuprador do que “ardiloso” em minha vontade de ver alguém mijando diante de mim – ou, quem sabe, se eu tivesse sorte, em minha boca...

Sim, meus queridos leitores hipotéticos, hoje pela manhã eu vi “O Sangue de um Poeta” e me emocionei e me excitei por demasiado diante daquela trama extremamente surrealista, dividida em episódios, em que, logo no começo, um elogio plangente à masturbação é realizado no episódio sobre as mãos feridas do artista... No segundo episódio, “As Paredes Têm Ouvidos”, o mesmo artista atravessa um espelho, como é habitual na obra orféica do diretor, e depara-se, entre outras coisas, com “os encontros desesperados de hermafroditas”. No terceiro episódio, “A Batalha das Bolas de Neve” (homenagem a Abel Gance?), ouvimos e entendemos o porquê daqueles tambores tonitruantes penetrarem nos sonhos do protagonista, a ponto de, no quarto episódio, “A Hóstia Profanada”, todos aqueles símbolos iluministas e revoltosos fazerem sentido em prol da arte erótica que o diretor concebe e defende...

Na cópia do filme de que dispunha, o final parecia interrompido, mas era tarde: vi-me por completo naquela sessão, naquela obra magistral de um artista (homossexual) supremo, que entendia por completo o que eu sentia naquele instante. Jean Cocteau me leu. Ponto. E continua a ler me reescrever...

Wesley PC>

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