domingo, 2 de outubro de 2011

“GOZEI EM TUA HOMENAGEM” < “NÃO QUER DAR, NÃO DÊ. UM BOM LUTADOR SABE A HORA DE PERDER” < “QUERO UM HOMEM QUE NÃO SEJA BROXA DA CINTURA PARA CIMA"...


Em outras palavras: "VOCÊ É BROXA DA CABEÇA, É UM BROXA DE PAU DURO!” - Uau!

Quando minha amiga Ninalcira insistiu comigo que “S.O.S. Sex-Shop/ Como Salvar Meu Casamento” (1984, de Alberto Salvá) era um bom filme, eu acreditei piamente nela. Comecei a ver o filme ao lado de uma pessoa que queria apenas um pretexto para justificar a sua subsunção pífia a um estímulo homoerótico secundário e não gostei muito inicialmente do que vi na tela, por não corresponder às expectativas erotógenas então em xeque. Levei o filme para vê-lo na íntegra ao lado de um amigo casado e com problemas típicos de casamento e, puxa, não deu outra: tive que enviar uma declaração emocionada de amor, em plena madrugada, a minha amiga Ninalcira, visto que ela estava com a razão nesta recomendação elogiosa o tempo inteiro!

Eu já deveria suspeitar da qualidade positiva do filme quando, durante os créditos iniciais, reconheci o nome do consagrado cineasta Carlos Reichenbach como diretor de fotografia. Além disso, a existência de uma subtrama ético-economicista em meio aos dilemas orgásticos da personagem de Matilde Mastrangi indicava que o filme não era meramente destinado à excitação superficial. Havia ali o retrato sincero de uma mulher tipicamente oitentista, que reivindica os seus mais básicos direitos constitutivos, inclusive, o de gozar quando faz sexo...

No filme, há um preâmbulo genial em que o casal Cláudio (Carlos Capeletti) e Elisa (a própria Matilde Mastrangi) vê sua vida matrimonial declinar radicalmente nos 7 anos em que convivem como marido e mulher. Com o tempo, a rotina dos dois fica cada vez mais enfadonha, o que só piora quando ele deixa de prestar atenção às necessidades dela durante o ato sexual, até que, por um mero acaso pós-empregatício, ele visita uma loja de produtos sensuais e ganha uma língua com espinhos de borracha, que causa um prazer bem-vindo à mulher entediada. Daí por diante, se sentindo “trocado por uma língua”, o marido passa a sofrer de disfunção eréctil, inclusive numa orgia com prostitutas, envolvendo o seu empregador e outro colega de trabalho. A mulher, por sua vez, passa a ser assediada nas ruas e ensaia um caso com outra mulher. Até que uma conversa inevitável chama todos os personagens para o enfrentamento de seus problemas, incluindo entre estes personagens, além de marido e mulher, a ex-esposa dela, a sogra dela, o vizinho afetado de ambos e outras pessoas, todos tridimensionais em suas composições cinematográficas. Conclusão: saí da sessão mais do que impressionado com a acachapante coerência feminista do roteiro!

Quase ignorando que o filme tornou-se ainda melhor e mais providencial por causa da ótima companhia durante a sessão – que, em vários momentos, viu alguns de seus problemas recorrentes espelhados na tela – me senti intimamente contemplado diante de diálogos e aforismos tão dignos quanto a progressão valorativa que intitula esta postagem. Assim sendo, não somente recomendo este filme como um bom exemplo de pornochanchada inteligentíssima como me sinto ainda contente por minha amiga Ninalcira existir e ter insistido para que eu visse este filme. Muito obrigado mesmo por isso, amiga!

Wesley PC>

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