segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MULHER DE FIBRA PROTESTA ATÉ MESMO QUANDO CAGA!

Vamos para um exemplo comprobatório desta tese subversiva por excelência, fazendo de conta que se trata de algo ficcional: tarde de domingo. Cercado por militantes homossexuais, um rapazola heterossexual de cabelos cacheados lê um texto de Pierre Bourdieu. A tal da “dominação masculina” era questionada no âmago de um tipo de reivindicação política em que os papéis sexuais tradicionalmente aceitos devem ser questionados em sua gênese ideológica. “Falar de dominação, ou de violência simbólica, é dizer que (...) o dominado tende a assumir a respeito de si mesmo o ponto de vista dominante”, lia o rapazola de cabelos cacheados. Enquanto ele fala sobre isso tudo, eu to é me cagando!”, disse-me uma rapariga adorável, por volta das 17h30’. O rapaz continuou lendo, enquanto ela procurou um banheiro público que contivesse papel higiênico disponível. Ela não encontrou, mas precisava defecar assim mesmo. Era urgente. Enquanto a mitologia androcêntrica era posta em xeque pelo jovem adepto de Pierre Bourdieu, a rapariga aguardava que seus amigos chegassem com o rolo de papel higiênico que prometeram comprar num supermercado próximo. Eles demoraram. Ela permanecia no interior do banheiro. Um zelador pensava que ela estava se beijando com outra mulher. Um guarda municipal pediu que ela saísse do banheiro. De vestido arriado, cu melado de merda, ela disse que não podia, que estava aguardando que o papel higiênico estivesse disponível, para que ela pudesse, enfim, se limpar. O zelador pareceu não acreditar nela. A tarde raiava aos poucos. “Será possível converter a antinomia em alternativa suscetível de ser dirigida por uma escolha racional?”. Ela me abraçou, enfim. Lavara as mãos, estava aliviada. Tomamos iogurte de banana, aveia e mel alguns minutos depois. Ela é uma mulher de fibra. Mesmo sem ser citada nomenclaturalmente, ela protestou até mesmo durante o ato fecal. Guy Hocquenghem ficaria orgulhoso!

Wesley PC>

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