sexta-feira, 8 de julho de 2011

PARA MINHA AMIGA NINALCIRA, POIS ELA TAMBÉM TEM/TEVE UM PASSARINHO PRESO NA GAIOLA DO PEITO...

Há alguns meses, eu vi “Meu Pé de Laranja-Lima” (1970, de Aurélio Teixeira) na TV. Não cria que, de fato, fosse um bom filme, visto que cria que o livro que lhe deu origem, escrito por José Mauro de Vasconcelos em 1968, fosse um mero ‘best-seller’ oportunamente infantil. A pedido de uma carinhosa amiga mais velha de trabalho, rendi-me ao filme. Não bastaram 15 minutos para que eu percebesse que estava diante de uma ótima pérola do cinema brasileiro. No dia seguinte, encontrei a minha amiga Ninalcira e supliquei que ela também visse este filme, pois tinha muito a ver com ela. Ao mesmo tempo, meu amigo-irmão Américo disse que tinha um exemplar do livro disponível em sua casa. Minha amiga, obviamente, amou o filme, enquanto eu, somente ontem, pude começar a ler o livro, dividido em duas partes. Cheguei há pouco na metade do livro e já posso gritar: é uma obra-prima!

Muitos são os argumentos que defendem com louvor o meu grito: a Primeira Parte do livro chama-se ousadamente “No Natal, às vezes nasce o Menino Diabo”. O último capítulo desta primeira parte, recém-lido, chama-se justamente “Último Capítulo da Primeira Parte: ‘Numa cadeia, eu hei de ver-te morrer’. Numa das dedicatórias iniciais, o autor do livro diz a alguém que “nem tristeza nem saudade matam”, enquanto o livro é definido na folha de rosto como sendo a “história de um meninozinho que um dia descobriu a dor...”. Tem como duvidar de que ele seja ótimo, e não somente para crianças?

Intuo que, em breve, eu esteja lacrimejando diante do que vou encontrar neste primor literário nacional, francamente subestimado. Minha amiga Ninalcira, com certeza, o incluirá entre seus favoritos. E, por mais que eu subscreva com louvor a justificativa da Editora Melhoramentos para relançar este livro, fiquei contentíssimo ao saber que o autor não faz concessões literárias que subestimem a inteligência de seu público-alvo. Assim sendo, o protagonista Zezé chama seus desafetos de “filho-da-puta”, conforme ouvira seu pai dizer algumas vezes. Mais do que isso, a trama é taco singela, inteligente e, sobretudo, triste, que não tem como não aplaudir de pé o talento insigne do autor José Mauro de Vasconcelos, que eu não conheceria se não fosse este empurrão bem-vindo de minha amiga mais velha de trabalho, a quem chamo carinhosamente de “mãe de cabelo”...

Sobre a trama do livro: a infância. A infância triste e, ainda assim e por isso mesmo, cheia de descobertas de um menino pobre, que escolhe um pé de laranja-lima como sue confidente. A história de um menininho de 5 anos que aprende a ler muito cedo, que é esperto, mas que tem “o diabo como padrinho”, de tanto que lhe repetem que esta é a causa de sua sede infindável por travessuras. Numa das muitas passagens geniais do livro, ele lamenta que sua mãe e seu pai precisem trabalhar numa fábrica que “devora pessoas pela manhã e, depois, as vomita cansadas no final da tarde”. De coração, eu digo: “O Meu Pé de Laranja Lima”, o livro, é uma obra-prima, ainda mais do que o filme, o qual planejo rever entre meus amigos muito em breve. E intuo que Américo demorará um bocado antes de ter este precioso livro de volta... Ela vai pousar nas mãos de todos que amo: isto é uma obrigação moral das mais elevadas, a qual eu mais do que assumo a partir de agora!

Wesley PC>

4 comentários:

iaeeee disse...

Me arrepiei lendo! A estória é linda mesmo! kkkkkkk. Ei, tire xerox! kkkkkk, o bihinho já tá velho, mas eu sei que é bem melhor do que ele ficar numa estante guardado. Mas sou avarento!

hehehe, me diga as pessoas pra quem emprestará! Nina já está aprovadíssima! Todos do nosso grupo estão, aliás!


o filme viu na tv paga? Mais uma propaganda pra eu ter tbm?


hasta!


Américo

Gomorra disse...

(risos)

Américo, é para conservar esta edição, do jeitinho que ela está, com a vida: este livro é um tesouro! Um dos melhores que eu li. PERFEITO! Estou arrepiado, lindo, lindo, lindo!

Dá vontade de reler logo em seguida...

WPC>

Gomorra disse...

E não é só a estória que é linda... O modo de contar, os personagens, a confissão final... Tudo!

WPC>

iaeeee disse...

é lindo mesmo!