domingo, 10 de julho de 2011

“NÃO EXISTE AMOR FELIZ”? (NÃO) SOU EM QUEM RESPONDE...

Na noite de ontem, visitei um casal amigo, que expôs motivos diversos para ciúmes (e, paralelamente, também para a abolição destes), um de cada lado. Depois, abracei uma amiga de infância e supliquei que ela visse “8 Mulheres” (2002), ótimo musical ‘kitsch’ do François Ozon que seria exibido num canal fechado dedicado prioritariamente ao mundo da moda. Revi o filme ao lado de minha mãe, mas esta estava impaciente com a bebedeira características dos finais de semana de meu irmão mais novo. Eu, por minha vez, simplesmente me deliciei ao rever o filme. Tanto é que, durante a sessão, enviei mensagens de celulares sempre que alguma das personagens cantava uma canção: quando Fanny Ardant reclama que de nada adiante ser livre sem ter alguém para amar; quando a cozinheira lésbica vivida por Firmine Richard entoa que “para não viverem sós, os homens constroem catedrais, onde as pessoas solitárias se penduram nas estrelas”; quando Isabelle Huppert frustra-se por ainda ser virgem e não dispor de alguns encantos femininos essenciais, enquanto Emmanuelle Béart canta justamente o oposto; quando as duas filhas jovens (Virginie Ledoyen e Ludivine Sagnier) do pai supostamente esfaqueado cantarolam sobre os limites entre amor infantil e amor romântico; e quando Catherine Deneuve enceta um beijo sensual em sua cunhada vestida de rubro. Juro que eu tinha esquecido a canção interpretada pela matriarca pseudoparalítica vivida por Danielle Darriuex, até que ela se senta numa escada, com sua neta mais jovem nos braços, e despacha “Il n'y a pas d'amour heureux", do poeta Louis Aragon. Emocionei-me no ato. Pensei nos amigos com quem interagi, através do telefone celular durante a sessão e, obviamente, enxerguei Deus. Este filme é uma obra de arte. Pena que seja tão pouco conhecido ainda...

“Rien n'est jamais acquis à l'homme
Ni sa force, ni sa faiblesse, ni son cœur
Et quand il croit ouvrir ses bras
Son ombre est celle d'une croix
Et quand il croit serrer son bonheur
Il le broie
Sa vie est un étrange et douloureux divorce
Il n'y a pas d'amour heureux


Sa vie, elle ressemble à ces soldats sans armes
Qu'on avait habillés pour un autre destin
A quoi peut leur servir de se lever matin
Eux qu'on retrouve au soir désarmés incertains
Dites ces mots ma vie et retenez vos larmes
Il n'y a pas d'amour heureux

Mon bel amour, mon cher amour, ma déchirure
Je te porte dans moi comme un oiseau blessé
Et ceux-là sans savoir nous regardent passer
Répétant après moi les mots que j'ai tressés
Et qui pour tes grands yeux tout aussitôt moururent
Il n'y a pas d'amour heureux

Le temps d'apprendre à vivre
Il est déjà trop tard
Que pleurent dans la nuit nos cœurs à l'unisson
Ce qu'il faut de malheur pour la moindre chanson
Ce qu'il faut de regrets pour payer un frisson
Ce qu'il faut de sanglots pour un air de guitare
Il n'y a pas d'amour heureux

Il n'y a pas d'amour qui ne soit à douleur
Il n'y a pas d'amour dont on ne soit meurtri
Il n'y a pas d'amour dont on ne soit flétri
Et pas plus que de toi l'amour de la patrie
Il n'y a pas d'amour qui ne vive de pleurs

Il n'y a pas d'amour heureux
Mais c'est notre amour à tous deux


Amo particularmente esta canção na voz do senegalês Youssou N’Dour. E quem me dera um dia apertar a mão de qualquer uma das oito maravilhosas mulheres deste elenco... Filmaço!

Wesley PC>

Nenhum comentário: