quarta-feira, 27 de julho de 2011
ESTA FOTO FOI TIRADA NA TARDE DE ONTEM...
...E, se (me) serve de consolo, não, eu não me acho feio. Eventualmente solitário, talvez. Mas não feio. E é nessas horas que o protagonista-narrador de “O Templo do Pavilhão Dourado” (1956) me consola:
“A beleza... é, a beleza é como um dente cariado. Ele se esfrega em nossa língua, fica ali doendo, insistindo em sua própria existência. Finalmente chega uma hora em que não conseguimos mais agüentar a dor e vamos ao dentista para extrair o dente. Então olhamos para aquela coisinha suja, marrom, escura e cheia de sangue, e pensamos: Então é isto? Só isto? Aquilo que me causou tanto sofrimento, que me fez lamentar incessantemente a sua existência, que estava teimosamente enraizado em mim, é agora um mero objeto morto, Mas esta coisa será realmente a mesma que aquela? Se esta antes pertencia à minha existência exterior, então por que, através de que tipo de providência, ela se uniu à minha vida interior e conseguiu me provocar tanta dor?“ (páginas 135-136, editora Rocco - 1988)
Eu não leio Yukio Mishima somente: Yukio Mishima me lê!
Wesley PC>
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Um comentário:
Meu Deus... Preciso ler isso Wesley, que descrição perfeita de nossa tão pertinente ilusão sobre a beleza! perfeito!
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