quinta-feira, 21 de julho de 2011

DUAS CITAÇÕES ESPARSAS DE YUKIO MISHIMA (OU AS SENSAÇÕES)...

Página 69:Não consegui dormir por causa do calor sufocante do final do verão. Além da temperatura, minha decisão de resistir ao hábito da masturbação não me deixava dormir”...

Em meio a uma cansativa semana de trabalho, somente hoje pude ler o terceiro capítulo de “O Templo do Pavilhão Dourado” (1956), livro de Yukio Mishima de onde extraí as citações que abrem e fecham esta postagem. Na sala, minha mãe via “Hair” (1979, de Milos Forman) na TV. Eu estava ansioso para ouvir “Tender Prey” (1988), disco de Nick Cave and the Bad Seeds que me havia sido solenemente recomendado por um amigo que costuma perguntar de onde eu tiro forças para manter o meu caráter fortemente abstêmio no que tange ao uso de psicotrópicos. E, por dentro, eu me perguntava: será que eu já falei da comovente cena de nudez que o jovem Maurício Mattar, então com 23 anos de idade, protagoniza no genial filme “O Cinema Falado” (1986, de Caetano Veloso)?Tudo se mistura: assim é a arte quando flagra a vida (e/ou vice-versa)

De fato, esta foi uma semana deveras estafante para mim: senti como se os colegas menos experientes de trabalho estivessem se escorando mais do que o normal em mim, no sentido mais egoísta do termo, como se eu tivesse a obrigação de cumprir quotas excedentes de trabalho, para além das quase 10 horas diárias que passo confinado naquele ambiente burocrático, onde sorrisos e desejos sexuais violentos me são tão caros. Estou com a sensação de que me sinto um tanto cansado: talvez seja porque eu não saiba o motivo de “o dia do amigo” ser comemorado no dia 20 de julho. Eu esqueci, alguém poderia me contar?

Amanhã pela manhã, eu estarei de folga. Aproveitarei a oportunidade para consumir o quarto capítulo do referido livro, um tanto mais austero que as obras anteriormente lidas do mesmo autor. Aqui, de fato, o lugar que intitula o romance é o protagonista, quase mais do que o próprio Mizoguchi, personagem que narra suas desventuras de infância e adolescência para o leitor como se fosse mais um alter-ego do escritor. No filme do Caetano Veloso, aliás, Maurício Mattar utiliza um secador de cabelos para extrair o vapor d’água que ofusca a visão de seu pênis, refeltido num espelho. É uma cena muito bonita, muito mais bonita do que gratuita ou sensual. Pena que este filme seja tão subestimado e incompreendido, até mesmo pelos intelectuais apaixonados pelo cinema brasileiro... Pena!

Página 71: “‘por que a neve não gagueja?’, perguntei-me.”

Wesley PC>

2 comentários:

Victória Kubiaki disse...

qual é o nome desse filme do caetano/mauricio?

Gomorra disse...

O nome do filme é O CINEMA FALADO (1986). Foi mencionado no texto - e é ótimo! (WPC>)