terça-feira, 7 de junho de 2011

“A GOZADA DAS GOZADAS”! (METONÍMIA)

Já não bastasse aquele rapazola achar o mundo ao seu redor tendente à reiteração da tristeza – tristeza que, afinal de contas, só se sente porque se está vivo – ele sente uma alegria imensa por estar vivo! É bom estar vivo, é bom sofrer, é bom ser virgem! É bom achar isso bom, aliás!

Chovia... O rapazola andava com cuidado, manejando o seu guarda-chuva preto como podia, a fim de não se molhar nem molhar aos livros que estavam em seu bornal. Tinha menos medo de molhar a si mesmo que aos livros, aliás. Ele é forte, os livros também são, mas os primeiros dissolvem em água; o primeiro, nem sempre...

O rapazola gostava de água, e a água gosta dele. Mas não só de líquidos vive o homem, mas também de sólidos, de colóides e das palavras e ações que levam ao que ele entende como Deus. Ele queria ver um filme português sobre transsexualismo que seria exibido num canal fechado, mas estava cansado, mais do que triste. Ao final da noite, ele dormiria...

Antes de a noite chegasse ao seu final, ela apresentaria ao mundo um começo e um meio. E não somente a noite tem meio: pernas têm meio, rapazes têm meio, praticantes de sexo oral têm meios para enfiarem os meios de suas línguas nos meios das uretras alheias. E, para quem acha isso bom, é bom, muito bom, ótimo!

Como paroxismo de uma série de atos (im)pensados, o rapazola, ainda molhado de chuva, ajoelhou-se num piso azulejado e abriu o velcro de outro rapaz, másculo e forte, com um órgão sexual com formato cilíndrico de carne pulsando no interior de sua bermuda vermelha. Aberto o velcro, era hora de gemer: se não os dois, pelo menos um deles. Mas creio que os dois gemeram...

Quem geme sente prazer? Há quem gema sentindo dor, ou, nalguns casos, dor e prazer ao mesmo tempo. Acompanhando o gemido, a respiração ofegante. Em alguns minutos, o gozo, a explosão de sêmen, colóide humano precioso, que exalou tanto do rapaz quanto do rapazola, ambos excitados, em diferentes graus, mancomunados por alguns instantes, que talvez se repitam, talvez não, que nem a chuva, que nem o ato de enxugar livros...

Ao final, havia restos de prazer no chão azulejado e no rosto do rapazola, disponível tanto para as formigas e cachorrinhos quanto para os anseios da alma e bactérias que vivem na garganta... Gozar é bom, mas quem goza também sofre, se sente triste, dorme: quem goza está vivo! Quem é gozado também, afinal de contas, quem é gozado também goza, de sua forma... Seja na vida real, seja na ficção, seja na doce ficção que é (ou pode ser) a vida real!

Wesley PC>

Nenhum comentário: