segunda-feira, 13 de junho de 2011

EM MIM, ARDE!

Ainda há pouco, tomei um dos sustos mais positivos e culturalmente políticos de toda a minha vida: saí do trabalho cedo, mas fiquei conversando com amigos até tarde. Por uma coleção de casualidades típicas do Capitalismo, esqueci que hoje se comemorava o dia de Santo Antônio e, como tal, fiquei mui temeroso quando, ao adentrar o bairro em que moro – ultimamente noticiado por causa do incremento nas estatísticas de violência – percebi vários focos de incêndio nas esquinas. Pensei que o Rosa Elze estivesse definitivamente sitiado! (risos) Porém, tratavam-se de fogueiras comemorativas ao dia do santo casamenteiro, mas não havia crianças brincando em volta deles, não haviam fogos, não havia forró... As casas estavam fechadas e as ruas desertas, mesmo sendo ainda bastante cedo, 21h30’ no máximo! O que aconteceu com os festejos juninos?!

Depois que eu finalmente relacionei os píncaros ígneos à data comemorativa em pauta, lamentei que um costume tão fundamental na rememoração dalguns momentos de minha infância esteja a se perder gradualmente, a ser largamente esquecido... Fiquei triste mesmo, inclusive, porque eu estava conversando mais ou menos sobre isso com meus amigos: necessidade de manutenção da cultura local, dos hábitos protestantes em forma de arte. Lembrei que o filme menor do cineasta cigano Tony Gatlif que vi ontem à tarde [“Transylvania” (2006)] também bebe desta fonte defensiva e nostalgicamente melancólica. No filme em pauta, a personagem de Asia Argento é uma mulher grávida de 2 meses que viaja para a Romênia, a fim de encontrar o músico por quem está perdidamente apaixonada. Quando ela finalmente o encontra, ele a evita, a expulsa... E, a ela, resta chorar, enlouquecer, dançar até a exaustão, quebrar pratos, desenhar um símbolo místico na palma da sua mão como indício protetoral... Afinal, funciona? Se sobrevivermos, sentiremos na pele!

Wesley PC>

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