terça-feira, 3 de maio de 2011

“POR QUE TEM UMA TELEVISÃO DENTRO DA TELEVISÃO?”

Esta encantadora e genial pergunta foi feita por minha mãe durante a sessão do magnífico filme metalingüístico sobre zumbis do mestre do gênero George A. Romero “Diário dos Mortos/ A Morte da Morte” (2007), visto por acaso na manhã de hoje. Abracei forte minha mãe quando ela me fez esta pergunta. Significou que ela estava entendendo perfeitamente não somente a proposta crítica do filme como também porque eu estava tão empolgado diante dele: talvez seja a obra-prima do diretor, quiçá ainda mais relevante, dentro da atualização contextual apocalíptica, que o seminal e ótimo “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968). Tão genial que eu precisei ficar anotando num caderninho os diálogos pertinentes e majestosos do filme. Seguem apenas três, a fim de não estragar a surpresa de quem ainda não viu esta obra de arte:

- Se não está gravado, é como se não tivesse acontecido, não é?”: para mim que estudo Jornalismo, esta pergunta – do modo como foi feita – foi um tiro na cabeça. Quase que eu caía no chão, tão inane e espantado quanto os mortos-vivos do filme. Putz! Os conceitos de construção midiática da realidade que são questionados no filme me fizeram exultar: “Deus do céu, por que eu não vi este filme antes?! Ele deveria ser exibido como disciplina obrigatória nas faculdades de Comunicação Social!”;

- Quando estamos dirigindo e passamos diante de um acidente, não conseguimos seguir em frente. Paramos, mas não é para ajudar. Que insto é este que nos fazer ser tão curiosos e assistirmos passivamente ao sofrimento de alguém que precisa de nossa ajuda? E não é somente vocês, espectadores, que estão se tornando passivos, Nós, cinegrafistas, estamos nos tornando cada vez mais imunes ao horror”: conhecendo a obra mui coerente do George A. Romero, creio que não seja preciso emitir qualquer digressão sobre este comentário sagaz. È engolir a saliva e seguir em frente;

- Não gosto quando amanhece: manhãs e espelhos servem apenas para atormentar homens velhos”: esta citação não somente é linda, como a deixarei aqui sem comentário, a fim de que os eventuais consumidores desta postagem ouçam o meu clamor entusiasmado e vejam este filme, vejam este filme, VEJAM ESTE FILME!

E, como se não fossem suficientes, para além desses três preciosos recortes dialogísticos, o filme ainda possui uma angustiante moral da estória: “antigamente, eram nós contra nós. Hoje somos nós contra eles, com o diferencial de que ‘eles’ somos nós”! E tome-lhe mais na minha cara, soberbo!

Wesley PC>

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