sexta-feira, 6 de maio de 2011

O PEIDO NA FAROFA DE FENTON BAILEY & RANDY BARBATO:

Os diretores Fenton Bailey e Randy Barbato, que quase sempre trabalham juntos, já foram merecedores de vários elogios de minha parte, em razão de seus emotivos documentários sobre a sub-cultura homossexual, conforme pré-indicado aqui. Em razão destes elogios justificáveis e de uma interessante coincidência, que fez com que eu ganhasse cópias do mesmo filme de pessoas diferentes, assisti a “Party Monster” (2003), propalado filme ficcional sobre o início da cultura ‘clubber’, com muita empolgação, na noite de ontem. Exceto pela ótima caracterização de Macaulay Culkin no papel central (tão afetado quanto eu, dirão alguns) e pelas aparições marcantes do travesti interpretado por Marilyn Manson (que, numa ótima cena, tenta dirigir um caminhão de salto alto e entupido de ácido lisérgico), achei o filme absolutamente enfadonho e moralista (no pior sentido do termo). Ao invés de dotar esta biografia com uma maior ênfase nos aspectos culturalmente contagiantes da era retratada, os diretores saturaram a produção com toques de oportunismo pretensamente metalingüístico e com julgamentos unidirecionais sobre o uso indiscriminado de drogas. Incomodou-me deveras!

Em verdade, aliás, este filme é anterior tanto ao já emulado “Quando Eu Descobri” (2008), quanto ao famoso “Por Dentro de Garganta Profunda” (2005), documentários que, como eu disse antes, chamam a atenção pelo reforço emotivo. No segundo filme, emocionamo-nos diante dos revertérios biográficos sofridos pelos participantes do mais célebre filme pornográfico exibido comercialmente nos cinemas enquanto que, no primeiro, emocionamo-nos ao cotejar nossas experiências pessoais de vida com a forma dramática com que os depoentes tiveram consciência de que sua sexualidade diferia daquela tradicionalmente aceita pela sociedade. Em “Party Monster”, o efeito pessoal-emotivo que predomina é justamente o inverso: tendemos a sentir nojo daqueles personagens, quando, em meu caso íntimo, pude detectar diversos pontos de conexão com o exibicionismo ‘glitter’ dos protagonistas. Assim sendo, me senti traído, muito traído, pelos diretores e roteiristas, bem como chateado por não ter gostado do filme quanto os dois amigos que me presentearam com cópias dele, cientes de que eu veria a uma projeção de mim mesmo em cena. Pena...

Wesley PC>

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