sábado, 9 de abril de 2011

QUE EU ME LEMBRE, ESTE FOI O PRIMEIRO FILME BÚLGARO QUE VI, MAS A TESE DE QUE “A ARTE TRAZ SOFRIMENTO” É BEM ANTERIOR...

“Uma bailarina que dá tudo de si, mas que, apesar dos esforços, descobre que nunca conseguirá o papel do Cisne Branco – Odeta – no balé 'O Lago dos Cisnes', de Tchaikovsky, e que nunca será a prima ballerina na companhia de balé. Apesar da decepção, ela persiste obsessivamente na tentativa de aperfeiçoar seu talento”.

Quando li a sinopse acima, na página virtual do canal pago Eurochannel, fiquei apreensivo: “Cisnes Negros” (1984), pouquíssimo conhecido filme do diretor búlgaro Ivan Nichev, é a demonstração mais precisa de que o melhor filme do Darren Aronofsky não passa de um largo engodo imitativo? Para minha sorte – e a dele – o filme búlgaro segue uma vertente enredística muito diferente daquela que é promulgada em “Cisne Negro” (2010): apesar de a busca da perfeição ser comum às bailarinas de ambos os filmes, os empecilhos actanciais que se manifestam num e noutro caso são bem diversos. No filme norte-americano, a dificuldade da protagonista é interpretar o cisne malévolo do título singular; no filme búlgaro, o desafio é superar os cisnes malévolos do título plural.

De chofre, é-me abstruso dizer o quanto gostei (ou não) do filme búlgaro: existencialmente complexo e narrativamente árduo como fazia tempo que eu não me deparava, sou facilmente obrigado a admitir que não entendi o filme! Tanto que, por vezes, cria que estava a cochilar durante a exibição ou que meu cansaço decorrente do sobejo de trabalho burocrático no dia me deixava com amnésia imediata, tornando-me incapaz de reter as informações disseminadas pelo filme, mas, não, ele é muito complicado mesmo, esquisito, culturalmente hermético. Acho que eu teria que ser um pouquinho búlgaro para experimentá-lo melhor...

Mesmo sem ter compreendido o filme, gostei de sua mensagem final: “nem sempre podemos evitar a derrota, mas sempre se pode evitar a rendição”... E, enquanto eu ouvia uma canção da paulista Tulipa Ruiz, que dizia que “a ordem das árvores não altera o passarinho”, lembrei que um fato inusitado é urgente de ser comentado aqui: o novo bolsista do setor em que trabalho mora num abatedouro! Chegou para trabalhar às 18h de ontem e disse que está com problemas para organizar o seu horário, pois, além de estudar Engenharia de Pesca, ele precisa acordar muito cedo todos os dias para matar galinhas. Ele não me pareceu má pessoa, mas, com estes antecedentes profissionais, como confiar?

Voltando ao diretor Ivan Nichev, sobre o qual nunca ouvi falar, estão programados mais quatro de seus filmes para este mês de abril no Eurochannel, sendo que o tema das conseqüências psicológicas desnorteadoras volta em títulos como “Estrelas no Cabelo, Lágrimas nos Olhos” (1977) e “Ivan e Alexandra” (1989), que me deixaram muitíssimo interessado. E, só para validar o quanto o filme destacado no primeiro parágrafo deste texto é raro, a única imagem adequada que encontrei do mesmo é esta que acosto à postagem, que diz pouco, muito pouco sobre ele... Mais desdiz do que diz, aliás!

Wesley PC>

3 comentários:

Gomorra disse...

Só frisando: o filme não é em preto-e-branco, apesar de a punica imagem isponível sobre ele na Internet ser assim... Por isso, manipulei propositalmente as tonalidades da imagem, a fim de deixá-la mas avermelhada, cor esta que predomina no filme, entre o laranja e o amarelo, tonalidas comuns nestes filmes eslavos e difíceis que tanto aprecio...

Uma raridade este "Cisnes Negros", visse?

WPC>

Jadson Teles disse...

fiquei com vontadinah de ver....

Gomorra disse...

É para ficar mesmo, a tua cara! (risos) Eu não entendi nada, tem que ser búlgaro para isso. Tu és, Jadson?

WPC>