sexta-feira, 29 de abril de 2011

“O TOQUE DE PRATOS É COMO SE FOSSE UM GRITO FEMININO NA ORQUESTRA”!

A frase acima brinca com uma cena chave do filme “O Homem que Sabia Demais” (1956, de Alfred Hitchcock) e foi proferida por mim no evento musical a que compareci na noite de ontem, ao lado de um vizinho que é também meu amigo. Fomos assistir a um concerto da orquestra Juvenil de Acordeons da Bavária e, no momento visto em foto, deslumbrávamo-nos com o “Dueto dos Gatos”, composto por Giácomo Rossini e interpretado, na ocasião, pelas sopranos Konstanze Hüttenhofer e Johanna Hüttenhofer.

Este dueto pleno de miados foi, sem dúvida, o ponto alto desta noite musical, sendo que nos dirigimos ao teatro por uma feliz comunhão de coincidências: eu estava com ingressos no bolso, doados por uma colega de trabalho que não poderia comparecer ao evento; meu vizinho possui um automóvel branco e estava com a noite livre. Liguei para ele, perguntei se ele tinha curiosidade de estudar os hábitos da burguesia aracajuana, e ele prontamente aceitou. Melhor para ambos!

Logo que chegamos ao teatro, meu vizinho amigo exclamou que havia muitos velhos na platéia. “Normal, normal”... Disse-leu eu. Sentamo-nos num local pretensamente estratégico, visto que ele precisava sair às 22h, a fim de buscar sua noiva, que estava esperando-o, neste horário, na casa de uma amiga. De repente, um jovem loiro muito bonito pede licença para passar entre nós, apressado. Ele se posiciona num ponto central do teatro em olhando em direção ao palco, grita algumas palavras em alemão: ele fazia parte da orquestra e deixou meu vizinho admirado pela austeridade de seu idioma.

Quando o concerto começou, por volta das 20h30’, a peça de abertura foi uma composição de Adolf Goetz, executada de forma morna. A peça seguinte foi igualmente morna, mas um primeiro clímax foi atingido na impressionante execução de uma peça lúgubre de Antonin Dvórak, um de meus compositores eruditos favoritos. Seguiu-se uma pequena rapsódia operística e, em seguida, a genial encenação do dueto de felinas que maravilhou não somente a mim e a meu amigo, como a todos os presentes no local. Como eu queria ter coragem de bater palmas nesta hora!

A orquestra alemã se retirou por alguns instantes e a orquestra Sanfônica de Sergipe entrou em cena, dando um baile de encantamento, nostalgia e rebolado. Eu e meu vizinho cantarolamos emocionados as melodias de Luiz Gonzaga que foram executadas pelos músicos. Foi lindo! O segundo grande momento da noite, que antecedeu um inusitado encontro com uma amiga que não via há mais de cinco anos. Esta estava um tanto melancólica, pois acabara de rever um ex-amor, que está a perder progressivamente a memória, “em virtude de ter cheirado cocaína no espaço sideral”. Palavras delas! Meu amigo ficou espantado com esta confissão e, em seguida, voltamos aos nossos lugares: assistimos a algumas execuções musicais menos efusivas e, depois que o côro fez ressoar a magnífica composição de Carl Orff destacada na postagem anterior, estávamos aptos para voltar para casa, ainda que o concerto não tivesse encerrado. Foi uma noite bonita... Se brincar, fiquei tão encantado com o concerto em si quanto pelo que ouvi de meu deslumbrado vizinho/amigo, que assistia pela primeira vez a um evento desta envergadura. Pena que a iluminação do teatro e a nossa distância em relação ao palco não favoreceram a lembrança imagética que quisemos guardar do concerto, mas valeu a pena, ah, como valeu!

Wesley PC>

Um comentário:

jonas Urubu disse...

heheh conozco esta el duo, incluso ya la toqué en la orquestra. Es encantadora una versión en la que Monserrat Cabalé interpreta uno de los gatos.

hagas una busquéda y después me lo digas que te has pasado.


Abrazos, urubu