segunda-feira, 11 de abril de 2011

...E, DEFINITIVAMENTE, ELA NÃO MORREU EM VÃO!

Oficialmente, qualquer assunto pode ser convertido em pretexto erótico: na noite de ontem, enquanto eu angariava ereções de alguém que jazia confortavelmente em sua própria cama, conversava sobre as divergências legislativas entre países cristãos e países islâmicos. Portanto, fui abatido por uma ótima surpresa, na manhã de hoje, quando, ao ligar a TV para ver um programa aleatório qualquer enquanto coma algo antes de ir para o trabalho. Deparei-me com um documentário produzido pela HBO, chamado “Para Neda” (2010), em que a atriz Shohreh Aghdashloo narra a história real de Neda Agha-Soltan, estudante iraniana que foi assassinada durante protestos contra supostas manipulações eleitorais no Irã, em 20 de junho de 2009, aos 26 anos de idade. Ela era contrária ao regime ditatorial do atual presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e planejava emigrar para a Turquia, onde podia vestir-se como queria. Levou um tiro na aorta e sua morte foi registrada através dos telefones celulares de ouros manifestantes. Em minha opinião, definitivamente, sua morte não foi em vão!


Assistindo ao documentário, obviamente focado em sua biografia e em depoimentos de sua família, fiquei chocado em descobri que a maioria penal das meninas em algumas regiões fundamentalistas do Irã é 8 anos. Ou seja, a partir desta idade, as garotas já podem ser condenadas à morte, e aguardar até completarem 18 anos para serem executadas! Sei que é complicado emitir pareceres sobre costumes e leis de civilizações alheias, mas não pude me esquivar de ficar em choque diante de revelações como esta. O documentário me emocionou, apesar de eu concordar com os depoimentos de alguns detratores, que alegam que o sobejo propagandístico despejado sobre as reações ao assassinato da jovem Neda Agha-Sultan é perpassado por um grau de orientação ideológica tão intenso quanto aquele que é intencionalmente condenado pelos produtores do filme. Em outras palavras: os detratores do filme alegam que a personagem real "era apenas humana" e que, portanto, isso não justifica que sua biografia assemelhe-se a uma hagiografia. Existem petições populares pedindo para que o local em que ela foi morta seja rebatizado com seu nome. Acho isto lícito, aliás. É mais uma compensação fetichista do que um arremedo de solução para o tipo de problema reivindicativo que abunda naquele país, mas talvez seja um começo. Visibilidade é algo cada vez mais importante nos processos hodiernos de participação e transformação políticas!

Wesley PC>

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