quarta-feira, 30 de março de 2011

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO DISCO QUE ESTOU A OUVIR AGORA (OU POR QUE EU FICO MAIS ‘NERD’ QUANDO ESTOU SEM MEU BORNAL)...

Conheci a belga descendente de marroquinos, egípcios e palestinos Natacha Atlas através do filme “Intervenção Divina” (2002, de Elia Suleiman), famoso por causa da aparição sobrenatural de uma ninja palestina. No filme em pauta, a cantora que agora ouço interpreta uma versão remixada e repleta de floreios vocais para “I Put a Spell on You”, canção que já ouvi e apreciei deveras nas vozes de Bette Midler e Marilyn Manson, para ficar em apenas dois artistas que admiro. Somente esta semana, entretanto, resolvi ouvir um disco integral da cantora e, como era de se esperar, escolhi “Ayeshteni” (2001), por ser justamente aquele que possui a sua canção mais conhecida. Ouço-o agora, pela décima vez no mesmo dia, e confesso: sua sonoridade é extremamente contagiante!

Como eu sou adepto da mania de repetir várias vezes uma canção que me apetece, raramente chego às faixas 05 (“Soleil d’Egypte”) ou 06 (uma versão exótica para “Ne Me Quitte Pas”), de tanto que aprecio a faixa de abertura, a contagiante “Shubra”. Muito bom o disco, daqueles que faz a gente rodopiar pela sala, sentindo-se contente. Aliás, é o que minha mãe e minhas cachorras estão fazendo agora, ao som da faixa 03, “Ashwa”.

Na manhã de hoje, ouvia este disco quando penetrei o interior de uma agencia bancária e não escutei quando a vigilante do local me chamava para entregar a senha. Da mesma forma, atrapalhei-me todo na hora de entregar as faturas que eu desejava pagar ao atendente, quando a minha senha – a centésima daquele dia – foi chamada. Afinal, tudo deu certo e, ao chegar em casa, assisti a um filme libanês [“Caramelo” (2007, de Nadine Labaki), crente de que o mesmo fulgor musical de tempero árabe explodiria durante a sessão, mas me enganei: o filme não passava de um conjunto de situações banais envolvendo mulheres que se encontram num salão de beleza. Uma delas é apaixonada por um policial casado; outra derrama sangue de pombos em papéis higiênicos para disfarçar que já adentrou na menopausa; uma terceira é lésbica; e uma quarta busca uma ginecologista para costurar sua vagina, pois não é mais virgem e tem medo de confessa isso ao seu futuro marido. Por causa de variações temáticas ideologicamente desviadas como estas que as mulheres continuam a ser oprimidas no Oriente Médio! Mas nada que a voz cálida da Natacha Atlas não resolvesse depois que eu liguei o rádio ao fim da sessão...

Wesley PC>

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