terça-feira, 29 de março de 2011

ONTEM À NOITE, EU SENTI MEDO!

Na sexta-feira após feriado local sergipano, 18 de março de 2011, uma rapariga ligou para o setor em que trabalho, perguntando se eu podia lhe fornecer o endereço eletrônico de algum de seus colegas de classe, visto que ela acabara de ser assaltada, levaram o seu telefone celular e, como tal, ela não sabia sequer onde teria aula naquele dia. Fiquei condoído com sua declaração de pavor pós-assalto, mas não pude lhe dar mais detalhes sobre dados alheios. Espero que ela tenha entendido...

Na noite do mesmo dia, encontro um casal de amigos que havia sido assaltado perto do local onde um deles mora – e pelo qual eu caminho quase todas as noites – dois dias antes. Rimos, mas a componente feminina do casal estava um tanto chateada por também ter perdido seu telefone celular, visto que contatos importantes constavam nele. E ela fez questão de descrever a tensão do menino que a assaltara, um rapaz muito jovem, que tremia enquanto empunhava a arma. Primeiro assalto profissional de sua vida, talvez.

Dias antes desta sexta-feira, encontro com um amigo recém-divorciado que comentara que um amigo docente em comum havia sido assaltado também, numa praça perto de sua residência, no final de semana anterior à nossa conversa. Foram muitos os relatos de violência urbana nestes dias: no local em que moro, inclusive, assassinaram um rapaz numa festa no domingo, dia 27 de março, sendo que, no sábado, um tiroteio entre polícia e traficantes de drogas interditou por algumas horas um ponto estratégico do conjunto residencial em que vivo desde que tinha 2 anos de idade. Acontece em todo lugar, pensei eu, enquanto me consolava, ao passo em que prontamente telefonava para minha mãe, para avisar que eu e meu irmão estávamos bem. A rua em que vivo estava com problemas de telefonia...

Com tudo isso em mente, tive que sair do trabalho 90 minutos mais tarde na noite de ontem. O fluxo de trabalho fora tão intenso no Departamento de Administração Acadêmica da UFS que tive que fazer serão, o que vem se tornando comum ultimamente. O problema é que, enquanto caminhava para casa, percebi que as ruas dos bairros Rosa Elze e Rosa Maria, que eu preciso atravessar para chegar em minha casa, estavam desertas. O céu estava nublado, o clima frio, eram pouco antes de 22h e haviam pouquíssimas pessoas na rua. Fiquei apreensivo em ter que percorrer 3km a pé, sozinho, naquele contexto.

Quando já estava na metade do caminho, um camburão da Rádio-Patrulha passou ao meu lado, bem devagar, permitindo que eu visse que os policiais em seu interior ostentavam armas de grosso calibre em suas mãos. Metralhadoras. Escuto alguém comentando: “quando eles passam devagarzinho deste jeito é porque alguém já foi morto”... Alguém retruca, com medo: “cale a boca!”. E eu fiquei acompanhando o lento percurso daquele camburão, que se dirigia justamente para onde eu ia...

Afinal, cheguei em casa. Nada de grave me aconteceu neste périplo de segunda-feira, mas, puxa, como estava assustado! Disfarcei o temor, a fim de não preocupar minha mãe, visto que terei que refazer este mesmo percurso mais quatro vezes esta semana, e tentei ver algum filme na TV, mas não consegui me concentrar. Folheei as páginas de um livro que recebera de presente naquela tarde e visitei um rapaz cuja bermuda de teflon fazia com que suas nádegas ficassem visivelmente arrebitadas. Uma visão bonita e sensual. E começou a chover...

Wesley PC>

Um comentário:

Americo disse...

então, infelizmente acontece isso muitas vezes comigo... aqui na região que moro as ruas são muito desertas todas as horas do dia, imagine à noite... mas a gente acostuma, né? se adapta, pelo menos...

pelo menos você teve consolinhos qndo chegou no destino, kkkkkk
foi tipo uma recompensa por ter passado pela prova do medo, como nos video games ou parábolas? hehe