terça-feira, 8 de março de 2011

BOM, EU AINDA NÃO APRENDI A NADAR...

Pra começo de conversa, por que as pessoas vêem filmes? Não somente eu, mas “as pessoas”, por que elas vêem filmes? Obviamente, é coletivamente agradável assistir a filmes, visto que os pacotes de TV fechada mais caros são justamente aqueles que oferecem os canais de filmes. E, hoje, depois de passar mais de quatro dias assistindo ao máximo de bons filmes possíveis, precisei relaxar um pouco a minha mente e cedi a duas pretensamente leves produções hollywoodianas.

Coincidentemente, as duas produções escolhidas datam do mesmo ano e possuem um tema similar, a saber, viagens no tempo que visam a corrigir insatisfações vitalícias. Os filme que vi foram: a comédia adolescente “17 Outra Vez” (2009, de Burr Steers), que me surpreendeu por mostrar Zac Efron um tantinho mais dramático e/ou amadurecido do que estávamos acostumados; e a ficção científica para meninas “Te Amarei Para Sempre” (2009, de Robert Schwentke), que não me convenceu com sua trama sobre um homem que viaja no tempo em razão de uma disfunção genética e “treina” uma garotinha para ser sua esposa no futuro. No primeiro filme, o que está sendo remediado é o arrependimento de um homem adulto insatisfeito com sua vida desde que desistiu do basquetebol para se casar. Voltando a ter 17 anos por causa de um incidente mágico qualquer, ele percebe que sempre teve aquilo que quis. Não é um filme de todo conformista e, em mais de um sentido, me conquistou. No segundo filme, porém, a forçação de barra fantasiosa é mais difícil de fazer sentido, não obstante parecer mais elaborada enredisticamente. O protagonista tenta salvar a mãe que falece num acidente de carro, tenta impedir que uma descendente filial padeça do mesmo mal genético que ele, tenta tornar a sua inevitável morte mais cômoda, mas não consegue êxito em nenhuma destas empreitadas. Pelo menos, não do jeito que ele desejava. “A vida se ajusta sozinha”, parece pregar o roteiro do espiritualista Bruce Joel Rubin. Não me convenceu, apesar de ser um filme bonitinho.

Conforme pode se ver a partir das duas sinopses apresentadas, ambos os filmes estão comprometidos com a missão de conformar os espectadores com as vidas que eles levam. E quando já se é conformado, como esse tipo de filme pode ser funcional? Como este tipo de filme pode ajudar alguém que, não satisfeito em alimentar obsessões platônicas por outrem, ainda tem que lidar com os progressos românticos alheios sem sentir inveja ou ciúmes, extensões pecaminosas abomináveis para o estilo de vida religiosa que ele prega? Lembro do que disse uma amiga virtual evangélica: “as palavras de Jesus Cristo só se tornam doces quando o pecado se torna amargo em nossa vida”. E, definitivamente, em minha vida, o pecado amarga!

Fiquei imaginando-me no lugar dos protagonistas, viajando no tempo, sendo potencialmente capaz de corrigir mazelas de minha vida. Percebi – do jeitinho mesmo que os produtores dos filmes queriam que eu pensasse – que, sim, estou satisfeito com minha vida do jeito que está. Afinal de contas, é a única que tenho. Mas, se pudesse rejuvenescer, acho que eu gostaria de aprender a nadar...

Wesley PC>

Um comentário:

Figueiredo Neto disse...

Também não sei nadar. Provavelmente nunca saberei,entretanto continuarei a assistir filmes.