terça-feira, 29 de março de 2011

AULAS PRÁTICAS DE JORNALISMO: FALTA-SE A UMA; SE GANHA COM A OUTRA...

Apesar de gostar bastante de minha professora de Técnicas de Produção, Reportagem e Redação Jornalística II, hoje eu não estava disposto a ir para a aula. Estava cansado, saturado ou algo do gênero. Talvez fosse uma intuição profissional, visto que, ao zapear os canais de TV, descobri que “Síndrome da China” (1979, de James Bridges) começaria a ser exibido em alguns instantes. Tratava-se de um dos mais contundentes filmes já realizados sobre jornalismo Investigativo, área em que não pretendo me especializar, mas, aos poucos, fui tentado a mudar de idéia: os personagens de Jane Fonda e Michael Douglas no filme – respectivamente, repórter e operador de câmera – eram tão convincentes em seu fervor denuncista que me convenceram que esta profissão para a qual supostamente eu estudo para me formar possui relevante função de interesse e bem-estar público. Mas o filme segue...

Em seus 122 minutos de duração, “Síndrome da China” não nega que, sendo um filme financiado por Hollywood, deve pagar tributo às exigências por entretenimento de seu público em larga escala. Por isso, cenas de perseguição e de suspense entremeiam todo o processo investigativo conduzido pela repórter protagonista, que, numa cena-chave, é mostrada sozinha em sua residência, alimentando sua tartaruga de estimação com alface gelado depositado sobre sua cama de casal. Jornalismo é uma profissão que exige comprometimento, dedicação, solidão... Entretanto, a personagem Kimberly Wells também deseja fama e glória, anseia por ser famosa, redige autógrafos num bar, gosta de ser aplaudida por admiradores de seu trabalho. Mas não deixa de ser tocada pela urgência em advertir o público de que há algo errado nas empresas que eles financiam através de seus impostos. E, quando o filme chega ao seu clímax e explica as desastrosas conseqüências do título do filme – o qual não explicarei, deixá-lo-ei em aberto a fim de que mais e mais pessoas se interessem por esta ótima peça de cinema maduro – os aparelhos ideológicos de Estado intervêm e todo o esforço investigativo da protagonista é substituído por uma propaganda televisiva de aparelhos de microondas. Na vida real, no mesmo ano em que o filme foi lançado, acontece um acidente nuclear similar àquele abordado no roteiro do filme. De que adianta o Jornalismo ou o Cinema em si num contexto político em que predominam as enganações e sutis manipulações da realidade? Esta, definitivamente, não é uma pergunta que se deva calar, mas, sim, responder com atos!

Por uma trágica coincidência, a emissora de TV que estava a exibir o filme sofre uma pane durante os dois minutos finais de projeção e eu deixei de assistir justamente à preciosa cena final, sobre a qual tratei logo de recolher descrições na Internet. Não é a mesma coisa, mas... Não deixou de ser muito válido ter faltado à aula de hoje! A professora Sônia Aguiar que me entenda e desculpe...

Wesley PC>

2 comentários:

Americo disse...

nem li o post, pq quero ver o filme (muito) aliás tbm quero ver 'Barbarella' me empresta?

Gomorra disse...

ôxe, sempre...
Jane Fonda é maravilhosa.
Estou perdendo um filme dela neste exato momento: AMARGO REGRESSO, é que estou angustiado e tal...

WPC>