terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

“TENTAR É IGUAL A QUERER FALHAR DELIBERADAMENTE. RETIRE ESTA PALAVRA DO TEU VOCABULÁRIO!”

Meninos e meninas comportam-se e divertem-se de maneiras diferentes desde que eu me entendo por gente. Posteriormente, vim a descobrir que meninos que gostam de meninos e meninos que gostam de meninas (como se esta dicotomia ainda fosse facilmente distinguível hoje em dia) comportam-se e divertem-se de maneiras ainda mais diferentes, beirando a oposição belicosa em muitas situações. Vendo o inspiradíssimo filme ‘pop’ “Eu Te Amo, Cara” (2009, de John Hamburg) na tarde de hoje, diversos dilemas sobre minhas mal-sucedidas inserções sociais de caráter comportamental vieram à tona. Ou seja, mais do que me identificar pura e simplesmente com o ótimo roteiro do filme, eu gargalhei durante a sessão e fui lancinado por minhas típicas e recorrentes frustrações relacionais...

Como todos sabem, minhas experiências com arremedos de namoros são exíguas. Porém, acho que já disponho de um mínimo conhecimento de causa no quesito distintivo entre “coisas que fazemos com nossos amigos” X “coisas que fazemos com nossos namorados”, incluindo no meio desta distinção, inclusive, a intersecção benfazeja que corresponde à categoria “coisas que fazemos com nossos amigos-namorados”. Quantas e quantas vezes já deixei de sair com amigos por causa de promessas (não-cumpridas) de bem-estar pré- ou proto-namoratório. Ai, ai...

E, neste ponto, o filme é mais do funcional em seu mote enredístico: os personagens de Paul Rudd e Rashida Jones vão se casar. Ela possui várias melhores amigas, a quem chega a revelar até mesmo detalhes de suas transas, mas ele vive confinado em seu escritório imobiliário, divertindo-se no tempo livre somente com sua noiva. Como tal, seus filmes favoritos são as comédias românticas que ela aprecia e as pessoas com quem ele trava mais contato são justamente as amigas dela. Até que alguém põe em pauta a necessidade de ele ter um melhor amigo para ser seu padrinho de casamento. E ele percebe que não tem ninguém...

As situações que se seguem à percepção de que o protagonista não possui amigos são hilárias: ele se encontra com um velho de 89 anos que publicou um anúncio na Internet com uma fotografia de perfil cinqüenta anos mais novo; os inconvenientes osculares causados pelos homens com quem sai sem maiores pretensões e que o agarram ao final dos jantares; as dicas de seu irmão ‘gay’ no que tange aos padrões societais dos machos da espécie humana; e, principalmente, todo o incremento realista que entra em cena quando Peter, o tal protagonista, conhece Sydney, com quem passa a travar uma súbita e intensa amizade. Ao lado de Sydney, Peter ousa confessar que se masturba pensando em sua noiva, consegue liberar um pouco de suas tensões ao tocar canções do Rush no baixo, e se diverte de maneiras diferentes daquelas a que estava habituado ao lado de sua constante noiva. E, nalguns momentos, ela sente ciúme dele, pois acha que o está perdendo para outra pessoa. Mas não estava. Foi este novo amigo, inclusive, quem pronuncia a frase-título desta postagem, aconselhando Peter a ser mais confiante em si mesmo, mas as pretensas dicotomias citadas nos parágrafos iniciais realmente afetam pessoas apaixonadas. Por mais derrotado que eu seja no plano afetivo, sou obrigado a dizer que já aconteceram muito comigo!

Quanto ao filme enquanto filme, creio que o recomendaria mesmo que não tivesse me identificado tanto. É o tipo de comédia certeira, que atinge pleno êxito ao diagnosticar tipos contemporâneos, tecnologizados, pós-‘yuppies’, solitários até mesmo quando imersos na multidão. Lembra as ótimas produções de Judd Apatow e Greg Mottola, diretores ‘pop’ de primeira estirpe, que, volta e meia, eu elogio por aqui... Ah, se eu tivesse alguém ao meu lado agora (se é que vocês entendem o que este “lado” quer dizer). Pelo sim, pelo não, sou obrigado a dedicar o filme e este texto a meus melhores amigos Jadson Teles e Américo Nascimento. Amo vocês, caras!

PS: a cena mostrada na imagem é, desde já, metonímica e antológica!

Wesley PC>

3 comentários:

Americo disse...

Já estava gostando do texto todo e querendo ver o filme, quando sou fisgado pelo último parágrafo! que lindo, tbm te amo Wesley! Grande e um dos meus melhores amigos com certeza! chuif, que saudade! e QUERO ver este filme!

tatiana hora disse...

eu sei de alguém que devia ter ido ao cinema no domingo...

Pseudokane3 disse...

Pois é, né?

Mas me pegaram de supetão, tinha agendado uma praia na Barra dos Coqueiros, mas choveu e tal... Minha culpa, minha culpa!

E sim, Américo querido, o filme é surpreendente de tão engraçado e bom!

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