quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SABE UM FILME ÓTIMO E ASSUSTADOR? ENTÃO...

Minha mãe sonhou que minha cunhada e meu irmão mais velho estavam com os cabelos longos, estirados e pintados de loiros. Oficialmente, os cabelos de minha cunhada já são pintados de loiros, mas, como meu irmão é negro, a combinação capilar assustou a minha mãe, que acordou preocupada com o que esta emanação de seu subconsciente quis dizer.

Às 13h, quando eu me sentei no sofá para almoçar, ela me acompanhou durante a sessão de “A Maldição dos Mortos-Vivos” (1988), clássico de Wes Craven que sempre me intimidou, desde a infância. Até hoje, porém, nunca havia tido a oportunidade de vê-lo na íntegra. Como me fez bem assisti-lo!

O título original do filme pode ser literalmente traduzido como “A Serpente e o Arco-Íris”, o que denota que o roteiro do mesmo é mais imbuído de mistério do que o seu desviado título nacional faz pensar... A trama se passa em 1985, no Haiti, república centro-americana molestada pela miséria, pela magia negra e pela tirania de Baby Doc. Neste lugar, experimentos populares com pessoas falecidas são realizados, de maneira que estas ressuscitam demasiado servis, obedecendo aos comandos ditatoriais de quem lhes oprime as almas. Um antropólogo norte-americano resolve investigar o foco destes experimentos, a fim de que possa comercializá-los com intuitos mais “nobres”. Mas brancos oportunistas não são bem-vindos naquele país...

O que acontece depois que o personagem de Bill Pullman chega à cidade de Porto Príncipe só demonstra o quanto Wes Craven é genial em sua adaptação certeira de uma estória baseada em fatos reais e quanto o cinema de horror oitentista não fuçava preso a sustos baratos, mas estava atrelado a um contexto político mais amplo, em que a multiplicação de sustos diz respeito a uma tendência nata dos opressores, que sentem prazer em ver seus inimigos inferiorizados gritando por gritar... Vide a cena em que um militar aterrador empala o saco escrotal do protagonista com um pé-de-cabra, isso para ficar apenas num exemplo óbvio. Ótimo filme, recomendo!

Ah, sim: no meio da sessão, minha mãe saiu da sala, apesar de estar gostando tanto do filme quanto eu. Pedi que ela voltasse, que ficasse comigo até o final, mas ela disse que não, pois temia sonhar com aqueles zumbis mais tarde, quando dormisse. De coração, eu a entendo. Tomara que eu não tenha pesadelos também (risos)...

Wesley PC>

Nenhum comentário: