domingo, 6 de fevereiro de 2011

“QUANDO FAZEMOS O BEM, TENDEMOS A SER ODIADO PELOS OUTROS: É UMA LEI NATURAL” ou ODE PARCIAL À COMUNIDADE GOMORRA QUE NÃO DEIXOU DE EXISTIR!

No filme italiano “Os Cem Passos” (2000, de Marco Tullio Giordana), de onde extraí a primeira metade do título desta postagem, há um questionamento típico acerca dos limites do pensamento ativo libertário: até onde a liberação dos instintos (sexuais) condiz com um planejamento reivindicativo contra as mazelas da pequena-burguesia manifesta em seus lastros contemporâneos?! Não se responderá nunca com exatidão, salvo na prática equivocada, justificada e, por isso mesmo, defensiva. E acrescento em dizer que a primeira metade do título desta postagem foi pronunciada por um mafioso combatido, principal inimigo dos protagonistas biografados no filme italiano.

Durante a sessão, lembrei de um encontro que tive no interior de um ônibus, na noite de ontem, quando um rapaz me perguntou por que as portas da Comunidade Gomorra estão sempre fechadas ultimamente. Disse-lhe que, no plano físico, no que tange a uma sede, “não há mais sede da Comunidade Gomorra”, logo acrescentando que “o melhor é que ela não acabou, não houve um fim. Apenas...”. Deixei a frase em aberto, propositalmente.

Em verdade, ainda é cedo para que esta ode seja composta, mas receio antecipar a quem ainda não sabe que a sede física da outrora hiperpopulosa Comunidade Gomorra foi devolvida ao seu senhorio. Os habitantes de lá agora estão divididos em várias residências e o apelo inicial de comuna libertária que originou inclusive este ‘blog’ agora está diluído nas responsabilidades individuais de cada um de seus membros, os específicos e os honorários.

Sobre o ‘blog’: volta e meia, escuto alguns interlocutores referindo-se a ele como sendo atrelado diretamente a mim, mas friso que sou apenas um colaborador (assíduo, por problemas taxonômicos pessoais, mas apenas um) e que a senha é de uso público/comunitário. Houve o tempo em que, além de minhas lamúrias, tínhamos as apologias psicodélicas a vários tipos de viagens por parte Rafael Coelho, Rafael Torres e Danilo/FEOP; houve o tempo em que tio Charlisson publicava aqui suas recém-compostas poesias, ‘haikais’ e letras de canções; houve o tempo em que Wendell nos honrava com sua presença e acidez astronômica; houve o tempo em que Marcos Miranda aproveitava este espaço para defender-se de eventuais acusações contra ele e manifestar seus interesses histórico-protestantes; houve o tempo em que Rafael Maurício e Aline Aguiar acrescentavam chistes profissionais de muitíssimo bom tom; e volta e meia, tia Debora e meu querido irmãozinho Américo estão acrescentando atestados de humanização passional e pérolas ‘pop’, mútua e respectivamente. Tanta e tanta gente eu poderia (e deveria) ainda citar aqui: houve o tempo e, de uma forma diferente, há ainda um tempo...

Sobre o que foi/é/será a Comunidade Gomorra: escrevi aqui no primeiro texto publicado e não me arrependo de nada, só acrescento. Gomorra é mais do que um local físico, é um estado de espírito, uma tentativa, um conjunto de vitórias e derrotas, como o é toda vida que se preze. Gomorra é, foi e será um conjunto de seres humanos, com ambições, anseios, desejos, erros, vontades e conhecimentos que ora competem, ora se harmonizam, mas sempre são dotados de interesse – senão imediato, a largo prazo comunitário, visto que estamos cada vez mais se destacando no buscador cibernético Google (risos). Gomorra é demais para que só eu tente definir. Gomorra é... E continua(rá) sendo!

E esta é apenas uma ode parcial. Voltarei muitas e muitas vezes ao tema... E não só eu, espero!

Wesley PC>