sábado, 19 de fevereiro de 2011

MULHERES...? (SOB A PERSPECTIVA INCONCLUSIVA DE MINHA INDISCIPLINA)

Por volta das 17h de ontem, eu e alguns rapazes do trabalho conversávamos sobre nossas experiências com filmes pornográficos. Como sempre, eu aproveitei a oportunidade para relatar as minhas insatisfações morais e políticas com o gênero e para elencar os filmes comerciais mais significativos de sexo explícito, em minha opinião. Em dado momento da conversa, a muçulmana que trabalha conosco pediu licença para atravessar o cômodo e pegar a sua bolsa. Afastamos uma cadeira para que ela pudesse passar e continuamos a conversar empolgadamente, quando, de repente, ouvimos um grito ensandecido por parte dela: “dá para falar sobre outro assunto?! Respeitem-me, por favor!”.

De imediato, não entendi o porquê da reclamação dela: não estávamos utilizando termos chulos ao falar dos filmes, mas apenas comentando superficialmente sobre os mesmos e eventualmente resumindo trechos de uma ou outra sinopse mais interessante. Como eu sou ignorante acerca dos brios de mulheres islâmicas que vivem em Sergipe, senti-me culpado por alguns instantes e fiquei temeroso que a moça em pauta ficasse com raiva de mim. Sendo assim, exultei discretamente por dentro quando, mais tarde, ela me chamou para mostrar a foto de seu marido paquistanês que vive em Londres no MSN. Ela não estava mais brava. Menos mal...

A experiência, portanto, me fez perceber que tenho que ser mais cuidadoso acerca daquilo que falo: por mais banal que um dado assunto pareça para mim, pode ser ofensivo para outrem. Fiquei pensando nisso enquanto caminhava em direção a minha casa, sem ouvir música, pois havia descarregado a bateria do meu aparelho reprodutor de MP4, sem perceber. Ao chegar em casa, vi um filme cultuado em que várias tramas se sucedem anarquicamente: “Heavy Metal – Universo em Fantasia” (1981, de Gerald Potterton).

Em dado momento do longa-metragem animado, uma bela mulher veste-se com imponência um uniforme de guerreira. Monta num pássaro gigantesco e corta os céus de seu planeta, disposta a se vingar dos malévolos invasores do local em que vive, que empalaram e/ou estupraram os seus patrícios. Em dado momento, ela será atingida por uma arma pontiaguda, de maneira que o sangue que escorre de seu peito é mais sensual do que necessariamente enternecedor. Uma mulher seminua e moribunda é algo sexualmente excitante? Com certeza, minha colega de trabalho muçulmana abominaria este filme, mas achei-o ótimo, entendendo plenamente por que ele é tão cultuado. E que ótima trilha sonora de Elmer Bernstein, com as colaborações valiosas de Black Sabbath, Journey, Nazareth, Blue Öyster Cult e Devo, entre outras bandas de renome. Os machos devem ter delirado no cinema!

Wesley PC>

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