terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

“MAS NÃO SE MATAM CAVALOS?”

O título acima é a tradução editorial para “They Shoot Horses, Don’t They?”, romance curto que o norte-americano Horace McCoy publicou em 1945 e que eu tive a honra de ler de anteontem para hoje. Conheci a trama deste romance através da sinopse do filme “A Noite dos Desesperados” (1969, de Sydney Pollack), baseado nela, cuja trama é basicamente a mesma: o protagonista, condenado por assassinado entre um e outro capítulo, rebola por semanas a fio ao lado de uma rapariga autodestrutiva numa maratona de dança, cuja crueldade espetaculosa revela bastante sobre os meandros da sociedade estadunidense em momentos de crise, que supostamente justificam com maior vigor as mazelas criminais de uma sociedade em que a competitividade é legada aos cidadãos na mais tenra idade. Enquanto os personagens dançam (ou fingem dançar) por mais de 870 horas, mulheres desmaiam, patrocinadores ganham dinheiro, pessoas se apaixonam e celebridades posam para as fotos. Até que uma eutanásia moral é cometida e o título faz pleno sentido para qualquer leitor: “eles matam cavalos, não matam?”.

Apesar de não ser um romance de todo avassalador – alguns detalhes do enredo funcionam melhor para quem experimentou por dentro as mazelas estadunidenses descritas pelo autor – tornamo-nos cúmplices por completo do protagonista-narrador, cumplicidade esta que anseia para ser verificada por mim no filme de Sydney Pollack dele derivado, em que Jane Fonda faz o papel da violentamente depressiva personagem Gloria. Porém, o que mais me surpreendeu durante a leitura do livro, para além da inteligente divisão dos capítulos, entrecortada pela sentença de pena capital atribuída contra o protagonista, foi a minha completa ignorância em relação ao diretor hollywoodiano Robert Boleslawski, realizador de “O Jardim de Allah” (1936), filme este que eu anseio para ver o quanto antes, mas não tanto quanto anseio para ver “A Noite dos Desesperados”. Depois eu adiciono um porquê...

Wesley PC>

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