sábado, 19 de fevereiro de 2011

HOMENS...!


“ - [...] Como posso dizer? Eram movimentos tão seguros, e tão elegantes, e tão suaves, e tão de homem ao mesmo tempo.
- Que significa para você ser homem?
- É muita coisa, mas para mim... Bem, o mais bonito do homem é isso, ser bonito, forte, mas sem fazer alarde da força, e que vai avançando com segurança. Que caminhe com segurança como meu garçom, que fale sem medo, que saiba o que quer, aonde vai, sem medo de nada.
- É uma idealização, não existe nenhum sujeito assim.
- Existe, ele é assim.
- Bem, dará essa impressão, mas por dentro, nesta sociedade, sem o poder ninguém pode ir avançando com segurança, como você diz.
- Não seja ciumento, não se pode falar com um homem sobre outro homem, nisso vocês são iguais às mulheres.”
(“O Beijo da Mulher Aranha” – 1976 – Manuel Puig – Capítulo Três da Primeira Parte - página 57 da edição lançado no Brasil em 1981, pela editora Codecri)

Em dado momento desta manhã de sábado, minha chefa discutiu com seu marido ao celular. Irritada que estava com ele, mas sem poder demonstrar esta raiva particular diante de nós, empregados públicos, ela apenas comentou, sardonicamente: homens, quem os entende?”. Todos nós rimos, a fim de evitar um desconforto maior, sendo que, na sala, havia dois homens no momento em pauta, eu e um colega casado. Entreolhamo-nos, ainda rindo, e conversamos sobre o ocorrido quando íamos para casa. Homens...

Quando estou prestes a subir a ladeira da rua em que moro, deparo-me com um amigo de infância sensual, que há muito tempo não via. Ele comenta algo comigo, elogiando as minhas fotos de Orkut, e eu respondo brincando: “se tu quiseres conferir o original, moro ali em cima” (risos). Ele riu também, mas ficou meio desconfortável com esta cantada em público. E eu fiquei pensando no que faria se ele tivesse aceitado o convite... Homens!

Telefonei para casa e perguntei a minha mãe como meu irmão estava. Depois de passar a madrugada bebendo e quebrando garrafas em frente a nossa casa, ele já estava se embebedando de novo. Tinha um encontro marcado com um amigo, mas achei perigoso deixar minha mãe sozinha com o caçula de nossa família. Vim para casa e, ao abrir o portão, deparei-me ainda com o choro de nosso cachorro, que está separado de nossa cadela no cio. Pus uma música masculina para tocar no rádio (algo do OutKast) e pensei no que almoçar, antes de voltar a ler o maravilhoso livro de Manuel Puig, cuja versão filmada eu revi há alguns dias. Os dois, livro e filme, me fizeram lembrar um menino que gosto. Um menino que não vejo faz tempo. Gosto de homens (e não só)!

“- Continuemos conversando e você vai ver que te provo o contrário.
- Vamos falar sobre quê?
- Bem... Fala o que é ser homem para você.
- Me apanhaste.
- Vai... Responde, o que é ser homem para você.
- Hum... Não me deixar diminuir por ninguém, nem pelo poder... Não, é mais ainda. Isso de não me deixar diminuir é outra coisa, não é o mais importante. Ser homem é muito mais ainda, é não humilhar ninguém com uma ordem, com uma gorjeta. É mais, é... Não permitir que ninguém ateu lado se sinta diminuído, que ninguém a teu lado se sinta mal.
- Isso é ser santo.
- Não, não é tão impossível como você pensa.
- Não entendo direito... Explica mais.”

(“O Beijo da Mulher Aranha” - página 58)

Wesley PC>

2 comentários:

Americo disse...

ainda tenho que ver esse ' beijo da mulher aranha' muito chic esse Babenco, sem falar que nem vi 'Pixote', ohh!


hey vamaos ao cinema na segunda? tipo chegamos lá umas 2hs pra ver ' o ritual', vamos? chame todos! todos vão! ou ' todos vai' segundo a nova moda internética de falar errado, hehe!


até!


Américo

tatiana hora disse...

nossa, tenho que ver esse filme!
e gosto do Babenco!