domingo, 30 de janeiro de 2011

UM ANO DEPOIS, NÃO É BEM ASSIM QUE EU QUERIA ME LEMBRAR DE TI OU AS DECLARAÇÕES SOLITÁRIAS DE AMOR PELOS CANTOS E A QUEDA DO VIADO:

Às vezes, flagro a mim mesmo repetindo um nome de ser humano, enquanto me apóio nas paredes do banheiro, enquanto meu irmão ouve o que parece ser uma prece do seu quarto e pergunta o que há de errado comigo, que pessoa é aquela cujo nome é evocado com tamanho fervor nos horários mais inconvenientes, com uma altura que parece denunciar bem mais do que uma simples devoção amorosa (ou algo que se preze)...

Faz um ano que eu o conheço e choveu anteontem. Ontem eu pensei que fosse chover também, mas não choveu. Pelo menos, não do céu em direção à terra onde eu punha meus pés num intervalo de 24 horas. Uma mesma canção anglofílica era executada, tema de filme, que eu havia escutado pela primeira vez na noite anterior, enquanto enviava uma mensagem em inglês para um moçoilo interiorano. “Enough English!”, disse o meu interlocutor, enquanto um montículo carnal se formava no vão das pernas de um vizinho que dormia. Ou quase dormia. E nem mesmo assim estavam protegidas as palavras devotas de serem mal-interpretadas por familiares que despertaram incomodados com o barulho do telefone celular!

Um filme em episódios sobre pessoas que se apaixonam numa grande metrópole e um pós-aniversariante que gosta de futebol. Na tarde de hoje, um bode e uma cabra saíram amarrados de minha casa. “Um ano se passou desde que te conheci”, insisti, enquanto lembrava do que eu não queria lembrar, de apetrechos comerciais que me pareceram propositalmente de mau tom. Mas nem mesmo assim...

Capítulo XVII: “Grande é o poder do tempo. O próprio braço da dor, quando não consegue esmagar a sua vítima, por fim de contas esmorece fatigado, e o seu estilete, por mais buído que seja, acaba de embotar-se” (“O Seminarista” – 1872 – Bernardo Guimarães). Mas ainda faltam páginas e capítulos e lembranças e imitações de sensações e tentativas e anseios e desejos e dilemas... Minha mãe pergunta se eu não sairei mais de casa. Eu pergunto a um terceiro a que horas ele sairá de casa. Posso ir contigo?”. Ano retrasado, era ele!

Fosse ontem, era dia de festa: meu irmão mais novo completou 28 anos de idade. Já houve dias em que eu dormi em seu quarto. Ele viajava. Sua cama fica num local mais escuro. Agora, tem até um aparelho de TV, mas ele não gosta de ver “Big Brother Brasil 11”. Melhor para ele, ao contrário do meu vizinho do montículo de carne genital, que sorriu deveras quando um homossexual pernambucano escorregou ao abraçar alguém. Quando um não está longe, é o outro. Quando não, são os outros. Às vezes, há dias em que todos estão longe ao mesmo tempo. E não era bem assim que eu queria me lembrar dele(s), Mas me apóio na parede para pronunciar o seu nome...

Wesley PC>

2 comentários:

tatiana hora disse...

muito gradioso é o poder do tempo!

... ou de um novo amor...

Pseudokane3 disse...

Sobre o tempo, eu concordo, mas... Infelizmente ou não, não consigo - nem nunca consegui nem tenciono conseguir - vislumbrar um "novo amor" como sendo um substituto para um velho e/ou fracassado amor... Tudo se soma e, envergonhadamente, foi mais ou menos o que quis transmitir com este texto: três amores se acotovelam postivamente em meus anseios diuturnos! Não creio que isto seja promiscuidade de minha parte, nem desrespeito para com nenhum deles, visto que, cada qual à sua maneira, eles me influenciam e me pungem de formas diferenciadas...

E, caramba, terminei há pouco o romance do Bernardo Guimarães e o desfecho é sublime, lindo, perfeito! Tudo a ver com o que sinto agora, com o que quis dizer que sinto...

Ai, ai...

Este tal de amor!
Ou amores.


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