quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

MAIS DO QUE NUNCA, HOJE EU TE AMO, APICHATPONG WEERASETHAKUL!

Não existe outra expressão interjetiva que possa resumir o que sinto neste exato instante: acabo de ver “Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (2010) e ainda estou perplexo com a genialidade, inventividade, ousadia, potencial crítico, beleza, supremacia desta mais recente obra-prima do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul. O filme não somente é supremo como também me demonstra a doce falência de um teorema: quando um artista realiza obras que costumam superar, uma após outra, os nossos paradigmas de perfeição consensual, como se falar em evolução de estilo ou maturidade conceptual? Parece que este gênio já nasceu mais do que pronto desde o seu primeiro longa-metragem e só se reinventa e nos escandaliza a cada novo petardo artístico. Gênio, gênio, gênio! Aliás, creio que já elogiei este mestre em diversas oportunidades aqui no blog, mas cabe uma breve retrospectiva de seus quatro magistrais longas-metragens antes de eu tentar esboçar quaisquer palavras empolgadas sobre o seu mais recente filme, premiado com louvor no Festival Internacional de Cinema de Cannes:

• “Objeto Misterioso ao Meio-Dia” (2000): como classificar este filme? Documentário? Pseudo-documentário? Documentário sobre um documentário? Documentário ficcional? Ficção neo-documental? Um dos mais belos libelos à palavra narrada (por vias orais) já filmados (traduzindo o tipo de roteiro caro ao norte-americano John Sayles para as florestas tropicais da Tailândia), este filme antecipa muitos dos personagens e situações que veríamos nos filmes posteriores. É como se fosse um ensaio, mas tão brilhante e espetaculoso quanto os resultados. A ser revisto sempre, com um caderninho de anotações debaixo do braço;

• “Eternamente Sua” (2002): faço minhas as minhas palavras, pura e simplesmente;

“Mal dos Trópicos” (2004): em mais de uma situação, fui (e sou ainda) tentado a apelidar esta peça cinematográfica do “o melhor filme que eu já vi em vida”. O roteiro repleto de reviravoltas existenciais e fantasmáticas, o romance homoerótico que vai além de qualquer convenção ou tabu, as críticas ao poderio militar desordenado, o apelo à religiosidade primitiva... Tudo neste filme beira o teológico, obra-prima do começo ao fim, revisto N vezes e sempre me causando o mesmo espanto, o mesmo choque, o mesmo gozo, o mesmo deleite!;

“Síndromes e um Século” (2006): filme bem mais pessoal do diretor, que aqui intenta biografar um excerto das vidas de seus pais médicos. Porém, quem acompanhou os arroubos de criatividade do cineasta logo percebe que o filme não ficará contido à narrativa ou a uma forma já patenteada. É algo tão transcendental e magnífico como qualquer pedaço de película sobre o qual o famoso “Joe” já tenha posto as suas mãos!;

“Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (2010): por um breve momento, pensei/temi que o diretor tivesse desgastado seu próprio estilo, mas, diante do filme, visto numa sessão empolgante, compartilhada com alguns de meus melhores amigos, o meu queixo cerebral quedou-se caído com fervor, mais uma vez: mesmo que o roteiro fiasse-se à trama básica do velho com insuficiência renal que recebe a visita dos avantesmas de seus parentes falecidos, já seria validada a minha prostração espectatorial diante da supremacia da produção, mas Apichatpong Weerasethakul não se conforma em nos gritar de estupor frente à seqüência em que uma princesa que reclama da ausência de amor é penetrada vaginalmente por um bagre ou ao escandaloso momento em que um monge budista reclama que não consegue dormir em seu quarto porque lá não há sequer um aparelho de rádio. E aquele rapaz convertido em macaco? E aquela anedota sobre o futuro que persegue os “homens que viajam do passado”? E aquele pisca-pisca natalino no mosteiro fúnebre? E aquele choque de ‘faux raccords’ no desfecho? E aquela vaca que foge? E aqueles olhos vermelhos na escuridão da floresta? E aquele esmagador elétrico de moscas no mais recôndito rincão tailandês? Se eu fosse enumerar tudo o que este filme tem de inovador e egrégio, não haveria sequer espaço neste emaranhado de redes virtuais. Genial demais, preciso rever este filme o quanto antes!

Wesley PC>

2 comentários:

Bruno Mesquita disse...

MEU IRMAOOO REVELE POR FAVOR SEU SIGNO PARA MIM, PENSAMOS IGUAIS!

Pseudokane3 disse...

Meu signo é o mesmo de jesus Cristo (risos)

WPC>