terça-feira, 14 de dezembro de 2010

“QUER PIPOCA, WESLEY?”, PERGUNTA-ME DONA ROSANE DE CASTRO.

“É, pode ser”... Respondo eu, um tanto mecanicamente. São quase 16h e eu devo entregar um artigo de 15 páginas remodelado a um professor, até as 20h de hoje. Assunto do artigo científico: “Militância Homossexual e Movimentos Sociais: o Caso da ASTRA – Direitos Sociais e Cidadania LGBT – em Sergipe”. Problema do artigo: o professor, formado em Publicidade e Propaganda, interessa-se bem mais pelos vieses organogramáticos da instituição em pauta do que pelas contradições e acertos de seus discursos enquanto representante organizadamente majoritário dos homossexuais sergipanos, expressão esta que contém alguns oximoros ideológicos e moralmente higienizadores em sua constituição, com os quais eu obviamente discordo. Conclusão: o tempo passa e eu estou avançando pouco na argumentação. É difícil defender aquilo em que não se acredita. Talvez eu reprove na matéria, por causa disso. Assumirei como minha esta responsabilidade, mesmo que o trabalho seja em grupo.

Digo mais: neste exato momento, acabo de decidir que, às 16h30’ de hoje, aceitarei, sim, a pipoca que minha mãe ofereceu. Verei algum filme espanhol conceituado, submeter-me-ei ao relaxamento artístico merecido. Afinal de contas, a conclusão do artigo já está pronta: “os militantes homossexuais, assim como outras minorias que se sintam ‘atingidas’ negativamente pelos detentores do poder, devem manter seu senso crítico em constante reavaliação autocrítica, sendo bastante cuidadosos para não caírem nas armadilhas da satisfação imediata (ou melhor, imediatista) de suas exigências primárias e ignorando que o patriarcalismo capitalista, em sua forma mais deletéria de dominação histórica, é o que deve ser combatido, acima de tudo, enquanto esforço conjunto de todos os cidadãos que se sintam inferiorizados ou injustiçados por quaisquer que sejam as suas razões”. Tenho dito!

Wesley PC>

Um comentário:

tatiana hora disse...

por que será que eu não gosto de publicidade?