sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

HOJE EU APAGUEI MAIS DE 40 MENSAGENS DE MEU CELULAR OU HOJE EU ESCUTEI “MESSAGE IN A BOTTLE”, DO THE POLICE, TANTAS E TANTAS VEZES...

Por onde se começa uma história que não tem fim? Pelo que foi acordado como fim, penso. Não acabou, nunca vai acabar, comigo não tem retorno, mas... Na pior das hipóteses, que me seja legado o direito de tentar contar uma história:

Acordei tarde hoje. Eram mais de 10h30’ da manhã. Minha mãe insistia para que eu comesse algo. Cuscuz com feijão e suco de abacaxi com leite. Liguei a TV por acaso. Deparei-me com um videoclipe ao vivo do grupo The Police, o vocalista Sting à frente, com sua voz muito aguda, se esgoelando ao som de “Message in a Bottle”. Tão alto e tão profundo que parecia que a canção era para mim, que era minha: não seria um homem tranqüilo se eu não baixasse “Regatta de Blanc” (1979), disco em que está contida a canção, hoje...

“I'll send an S.O.S. to the world
I'll send an S.O.S. to the world
I hope that someone gets my
I hope that someone gets my
I hope that someone gets my
Message in a bottle, yeah
Message in a bottle, yeah”


Saí de casa, vi um filme com amigos, recebi uma mensagem de celular quando me dirigia ao ponto de ônibus, perguntando-me como se diz quando se usa um termo etariamente inadequado num dado contexto histórico. Respondi que era anacronismo, como se fosse um homem confiante, mas, por dentro, um aperto tão forte no coração: eu assinara um contrato de não-beligerância com o interlocutor. Cria eu que estava sendo firme em obedecer à minha parte do acordo. O silêncio, o silêncio...

Na volta para casa, esborrachei-me com um senhor que tentava subir num ônibus. Eu correra para chegar cedo em casa. Cheguei, afinal. Pude observar vizinhos dormirem frente a mim. Num terminal rodoviário, reli com orgulho algumas mensagens de celular guardadas como se fossem troféus. Quase 100. A mais antiga delas datava de 18 de março de 2010, aniversário de 24 anos do meu interlocutor. Dizia que ele era lindo. Ele respondia: não sou isso. Vou morrer e feder como qualquer outro”. Eu insistia. Ele me tachava de “incorrigível”. Um dia (27 de abril de 2010), ele disse que ia rezar por mim. Noutro (19 de junho de 2010), ele se irrita porque eu disse que sonhara com ele, um sonho trivial, corriqueiro: “criatura, você não tem discernimento mesmo! [...] Eu tento ser tolerante, mas não tem condições. Você não consegue perceber que esta maneira que você me trata me incomoda?”. Eu percebia, eu sentia na pele, mas o que eu podia fazer?! Estrebuchava. “É sério: pare de me mandar tanta merda. Eu não me importo!” (25 de julho de 2010). E esses eram os meus troféus!

Apaguei algumas, guardei outras. Hoje, em meu celular, restaram apenas 51 mensagens da mesma pessoa. Algumas brutas, outras severas, terceiras intolerantes, mas algumas apaziguadoras também. São meus troféus, é o que restou. E eu fico aqui, repetindo e repetindo a porcaria da canção. Eu sou um moleque tão fetichista! Que bom que não mandaram me prender ainda... E, sim, meu querido, obrigado por ter esquecido a Carteira de Identidade!

“Walked out this morning, don't believe what I saw
Hundred billion bottles washed up on the shore
Seems I'm not alone at being alone
Hundred billion castaways, looking for a home”


E eu tento, juro que tento!

Wesley PC>

3 comentários:

Nina Sampaio disse...

Entre a tisteza e nada: também eu escolho a tristeza. Lembro-me de nós dois assistindo ao "Felizes juntos". O quanto nós dois nos identificamos copm o filme e entre nós. Como chegamos à conclusão de que somos capazes de amar daquela maneira, e eu a brincar disse: "somos duas negas". Jadson disse que sim, que éramos. Nossos troféus são esses (são desses que você descreve agora nessa psotagem) também, Wesley. Guardo alguns deles nos diários que escrevo, no celular, na caixa de e-mails, na memória, na pele...E concluo como que você diz também: tentar, eu tentei!

tatiana hora disse...

eu no seu lugar teria queimado a carteira de identidade dele em praça pública kkkkkkkkkkkkkkk
claro que depois de olhá-la por um bom tempo lembrando do que ele tinha de bom! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Gomorra disse...

(risos)

Eu esperei...
É o que eu faço: espero!

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