sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

“EU SEI POR QUE TU VÊS TANTOS FILMES: POR QUE TU ÉS UM ESPECTADOR DA VIDA! EU NÃO QUERO ISSO PARA MIM... QUERO VIVER, QUERO SORRIR!”

Impossível não começar uma pseudo-resenha do filme “Sonhos de um Sedutor” (1972, de Herbert Ross) com uma interjeição entalada na garganta: ‘glupt’! Comecei a ver este filme na madrugada de hoje, mas tive sono e dormi. Vi apenas os 25 minutos iniciais, mas já tive certeza, plena certeza de que ele me dará uma verdadeira rasteira emocional. O amigo que me passou o filme, aliás, descreveu-o sucintamente como quiçá o melhor interpretado e roteirizado (mas não dirigido) por Woody Allen, que vive, mais ou menos nas palavras dele, “um crítico de cinema que é abandonado por quem ama aos 29 anos de idade e começa a questionar o sentido da vida”. Eu não acreditei nesta antonomásia roubada, tamanha a identificação potencialmente desejada, e logo no primeiro ‘flashback’ do filme, acompanhamos a briga definitiva entre o protagonista e a mulher que ama, que pede divórcio depois de proferir o julgamento contido no título desta postagem, algo que, confesso, já foi usado contra mim. “Motivo justificado para divórcio: riso insuficiente” (risos).

No filme, o protagonista é obcecado pelo filme “Casablanca” (1942, de Michael Curtiz) e recebe as visitas terapêuticas do fantasma de Humphrey Bogart, que o aconselha em seus fracassos amorosos. Na estupefaciente cena de abertura, aliás, acompanhamos as reações de espanto e prazer extremo que o personagem manifesta diante do antológico final do filme citado, conforme podemos perceber na imagem acostada, cuja qualidade é propositalmente defasada: achei tão interessante o personalismo desta fotografia de tela de TV (em que podemos ver refletida a mobília na tela), encontrada aleatoriamente na Internet, que ponho esta mesmo, visto que, enquanto o protagonista escancara a sua boca em demonstração de estupor em face da genialidade fílmica, eu tendia a fazer o mesmo diante do que se descortinava gradualmente diante de mim: este filme vai mexer comigo, tenho certeza!

Infelizmente, porém, nem todo trabalhador braçal (que é mais ou menos a atividade empregatícia que vem me cabendo nos três ocupadíssimos últimos dias) dispõe de força física e mental suficiente para manter-se firme diante da tela. O cansaço venceu, no meu caso, aliado a alguns outros sentimentos ainda decepcionantes que me circundam, mas tenho certeza de que, quando conseguir chegar até o final do filme, gozarei de um riso deveras terapêutico, enquanto o neurastênico protagonista gasta embalagens e mais embalagens de analgésicos para ver se atenua a sua depressão reativa de caráter hipocondríaco. Por sorte, eu sigo uma linha inversa de profilaxia, quase homeopática no uso da própria dor enquanto recurso de cura e aprendizagem. Mas este filme vai mexer comigo. A definição do personagem que meu amigo sintetizou não nega: espectador da vida(mas não só), eis o que sou!

Wesley PC>

2 comentários:

Tiago de Oliveira disse...

"Espectador da vida" e não só, eis o que eu queria ser.

Pseudokane3 disse...

(risos)

Eu sou...
E não só!

Vi o filme hoje de manhã...
Não funcionou tanto quanto eu imaginava COMIGO, mas é lindo. Esta abertura é SOBERBA!

WPC>