sábado, 25 de dezembro de 2010

E, SE HOUVER UM “ANO QUE VEM”, ESTE É O FILME QUE DEVE SER REVISTO!

Na primeira cena de “O Dia da Besta” (1995, de Alex de la Iglesia), um padre vira-se para outro e pede para se confessar. “Por quê? Tu pecaste?”, pergunta um. Não, mas vou pecar bastante. É a única forma de salvar a humanidade”, responde o outro. Uma cruz enorme despenca da igreja e mata um dos padres. O outro encontra um mendigo queimado vivo na rua, rouba a sua carteira e manda-o para o inferno. Era véspera de Natal, dentro e fora do filme. E minha mãe estava ao meu lado, sentada no sofá, gargalhando diante da genialidade anárquica deste filme primoroso, ideal para efetivar a catarse citada na postagem anterior. Não é um filme necessariamente triste nem muito menos perfeito (não obstante ser dramático em sua melancólica observação de um mundo em decadência que, ainda assim, merece ser salvo), mas resolveu o problema: curou a minha depressão natalina deste ano!

Nos 103 minutos de projeção deste filme espanhol mais do que inspirado, crimes são cometidos em prol da salvação da Humanidade, uma pletora de ‘heavy metal’ é ouvida e mencionada na trilha sonora, cogumelos amanitas são reivindicados enquanto complementos psicotrópicos para o transe que fundamenta qualquer experiência religiosa elevada, o Diabo se manifesta como um ser que sente inveja fetichista de Jesus Cristo, o charlatanismo de exorcismos televisivos é dilacerado e um grupo de assassinos que se autodefinem como "higienizadores citadinos" é metonimicamente citado enquanto denúncia contra os ataques xenofóbicos que vêm assolando a Europa desde bem antes da produção do filme. Em suma, "O Dia da Besta" é arrebatadoramente genial em toda a sua euforia, culminando numa bela declaração positiva de que o verdadeiro Bem deve ser praticado anonimamente. Se houver um “ano que vem”, eis o filme que eu indico prontamente para ser exibido num Natal em família. Maravilhoso!

Wesley PC>

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