quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

...E DECLARAÇÕES DE AMOR!

“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido: sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria dum luxo radioso de sensações!”

Literariamente, este é um dos trechos iniciais do sexto capítulo de “O Primo Basílio” (1878), de Eça de Queiroz, romance que me encanta sobremaneira em razão da fecundidade aplicativa de um apotegma proferido por seu autor: “o realismo é a anatomia do caráter”. Oh, como é! E o meu caráter, neste exato momento, está irradiado por reações muito semelhantes às que tomam a protagonista Luísa no trecho destacado, que também aparece na primeira faixa do disco “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” (2000), da encantatória Marisa Monte. Na faixa em pauta, seu amigo Arnaldo Antunes profere os prosaicos versos destacado, ainda mais efetivos no videoclipe da canção, tão mal-compreendida por alguns fãs da artista, quando caiu no gosto popular à época, em razão de ter sido tema de telenovela, etc., etc.. Acho que ouvirei este disco na volta para casa, mais tarde...

No mesmo disco, “O Que Me Importa” também fez muito sucesso popular, mas, como o título do disco deixa bem evidente, há muito mais amor declarado do que somente nestas duas faixas. É um disco muito bom, ainda que mais “fácil” do que os trabalhos anteriores da cantora. Fácil no sentido de que suas composições e referências, aqui, são acessíveis a um público midiático muito mais largo. Amor é quase um clichê, amor é um truísmo, amor é base! E, como tal, eu sou um clichê, um truísta, mas deste sentimento básico não me esquivo. Se me perguntassem agora, diria que estou feliz. Citando novamente a eterna Joana d’Arc: “se não estiver, que Deus me faça estar; se estiver, que Deus me conserve assim”. Amo: “isso me acalma, me acolhe a alma. Isso me ajuda a viver”!

Wesley PC>

4 comentários:

Figueiredo Neto disse...

Como amei esse livro! Amo demais da conta! Cometei muito sobre ele no blog.Sublime!

tatiana hora disse...

já ouviu O que me importa na voz de Tim Maia?

Tiago de Oliveira disse...

Isso, DECIDIDAMENTE, me ajuda a viver!

E Tati, tb a ouvi na voz de Tim Maia, oq, aliás, achei muito bom.

Beijo

Gomorra disse...

Pois eu ainda não a ouvi na voz de Tim Maia, pelo menos, não do jeito que se deve. E sim, isso nos ajuda a viver, queridos amigos!

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