segunda-feira, 22 de novembro de 2010

UM POUQUINHO DE EVASÃO, SÓ UM POUQUINHO...

Esqueci de acrescentar um detalhe essencial na postagem anterior, no que tange ao inabalável amor que os cachorros sentem por seus donos: meu irmão caçula jazia estatelado no chão, nu, sujo de merda, vomitando quase ininterruptamente desde às 13h (eram 17h quando eu terminei de ler o livro) e duas cadelas deitavam-se solenemente sobre suas costas. Pensei em tirar uma fotografia, mas como minha mãe grunhia de raiva e indignação, achei que não fosse de bom tom, ao menos, naquele momento. Há pouco, quase 2h da madrugada, meu irmão despertou, já levemente sóbrio e liberto dos impulsos eméticos, e me chamou para verificar a quantidade absurda de carrapatos que havia sobre sua cama. Uma crise se instaurou: o que é que eu faço?! Não consigo matar sequer estes seres parasitários...

Cedi a minha cama a ele, ainda bastante sujo, visto que não tomara banho desde que chegara em casa, e já se deitara no chão do banheiro, no chão da cozinha, no chão da sala, sobre seu próprio vomito, sobre o cocô dos cachorros, etc.. No momento em pauta, eu ouvia “The Killing Moon”, clássico depressivo da banda pós-punk britânica Echo & The Bunnymen. Acabara de ver “El Bola” (2000, de Achero Mañas), belíssimo filme espanhol ‘pop’ sobre um garotinho constantemente espancado pelo pai, que, um dia, encontra um amigo, alguém que o leva para se divertir num parque de diversões, num contexto social repleto de AIDS, tatuagens e sugestões bem-intencionadas de bissexualismo. A vida real me faz evadir dos filmes tristes que vejo. Ou seria o contrário? Ou vivo eternamente nesta ciranda? Daqui a pouco, acordo e terei novas estórias para contar... Dormirei na cama de minha mãe hoje – e meu irmão desempregado pensa em comprar um ventilador!

Wesley PC>

Um comentário:

Debs Cruz disse...

O menino da direita me lembrou um
que fez 'O Diabo a Quatro'.

Cada dia mais fico "curiosa" pra conhecer sua mãe.

Um cheiro

(Hoje acordei com saudades até
do cachorro aí de casa rs
O texto me deixou ainda mais saudosista.
É família, é vida... é cotidiano.)