Esqueci de acrescentar um detalhe essencial na postagem anterior, no que tange ao inabalável amor que os cachorros sentem por seus donos: meu irmão caçula jazia estatelado no chão, nu, sujo de merda, vomitando quase ininterruptamente desde às 13h (eram 17h quando eu terminei de ler o livro) e duas cadelas deitavam-se solenemente sobre suas costas. Pensei em tirar uma fotografia, mas como minha mãe grunhia de raiva e indignação, achei que não fosse de bom tom, ao menos, naquele momento. Há pouco, quase 2h da madrugada, meu irmão despertou, já levemente sóbrio e liberto dos impulsos eméticos, e me chamou para verificar a quantidade absurda de carrapatos que havia sobre sua cama. Uma crise se instaurou: o que é que eu faço?! Não consigo matar sequer estes seres parasitários...
Cedi a minha cama a ele, ainda bastante sujo, visto que não tomara banho desde que chegara em casa, e já se deitara no chão do banheiro, no chão da cozinha, no chão da sala, sobre seu próprio vomito, sobre o cocô dos cachorros, etc.. No momento em pauta, eu ouvia “The Killing Moon”, clássico depressivo da banda pós-punk britânica Echo & The Bunnymen. Acabara de ver “El Bola” (2000, de Achero Mañas), belíssimo filme espanhol ‘pop’ sobre um garotinho constantemente espancado pelo pai, que, um dia, encontra um amigo, alguém que o leva para se divertir num parque de diversões, num contexto social repleto de AIDS, tatuagens e sugestões bem-intencionadas de bissexualismo. A vida real me faz evadir dos filmes tristes que vejo. Ou seria o contrário? Ou vivo eternamente nesta ciranda? Daqui a pouco, acordo e terei novas estórias para contar... Dormirei na cama de minha mãe hoje – e meu irmão desempregado pensa em comprar um ventilador!
Wesley PC>
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Um comentário:
O menino da direita me lembrou um
que fez 'O Diabo a Quatro'.
Cada dia mais fico "curiosa" pra conhecer sua mãe.
Um cheiro
(Hoje acordei com saudades até
do cachorro aí de casa rs
O texto me deixou ainda mais saudosista.
É família, é vida... é cotidiano.)
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