sexta-feira, 12 de novembro de 2010

“TOT TORNA A COMENÇAR”

Há alguns dias, um amigo virtual enviou-me o endereço cibernético do videoclipe da canção-título desta postagem, faixa que abre o ótimo disco “Ordre i Aventura” (2010), quinto álbum de estúdio do grupo de ‘rock’ independente catalão Mishima. Nos últimos três dias, é ao som deste disco que eu me banho. Aquelas canções tristes, aquela voz apaixonada e moribunda do vocalista David Carabén, a declamada erudição cultural de todos os integrantes da banda, que citam poesia suicida homoerótica japonesa e filmes luteranos dinamarqueses enquanto falam de amor, de carência, do tema universal do desencontro, tudo aquilo me faz bem...

Por outro lado, enquanto estou a me enxugar e retirar os excessos aquosos de minha epiderme, é a faixa 2, “Una Cara Bonica”, que me faz companhia, repetidas vezes, a ponto de me fazer crer agora que ainda tenho qualquer aspecto evocativo adicional para comentar no que tange ao elogio truísta que não raro dedicado à noção devota de Beleza. E, mesmo que eu não tenha, segue aqui a letra da canção:

“Hi ha una veritat en una cara bonica,
rebela algún secret la seva bellesa.
Perque em fa feliç, tornar-te a veure
que em descobreixo una mica més quan et miro
Quin dels teus rinxols amaga un per sempre més?”


E, digo mais: utilizar um dos mais austeros filmes de Carl Theodor Dreyer - e um dos mais belos da História! - como base para um videoclipe é o tipo de “aventura” (tenho que usar uma das palavras contidas no título do disco) que me faz perguntar: eles realmente gostam de emular a ressurreição kierkegaardiana da esposa de um fanático religioso, morta após um complicado e demorado trabalho de parto, ou é apenas um mero truque “pimba” para fisgar os órfãos contemporâneos do “cineasta da brancura” e seus descendentes (in)diretos? Pelo sim, pelo não, após a terceira audição, o disco funcionou muito bem comigo. Recomendo-o!

Wesley PC>

2 comentários:

tatiana hora disse...

nossa, ao invés de detectar a referência a Ordet, eu vi algo meio Lady Gaga kkkkkkkkkkk
quem sabe não tenha algo dos dois?

Gomorra disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Tu viste o clipe na íntegra? Não dá uma raivinha gostosa? A música funciona melhor sem as imagens, penso. Eu não achei "gagueano" não (desgosto dela!), mas achei que a comicidade aplicada sobre a cena dreyeriana me incomodou. Mas vale pela intenção, acho. Ah, tá. Concordo contido, esposa minha e do Wagner Moura (risos)

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