sábado, 27 de novembro de 2010

MAIS UMA PARÁBOLA SOBRE O CORAÇÃO PARTIDO E A MORTE DAÍ DECORRENTE, A MORTE QUE PRESERVA A FELICIDADE ALHEIA: “DEUS, OH, DEUS, MISERICORDIOSO DEUS”!

Arlindo Machado, em seus livros sobre cinema pós-moderno e questões do gênero, faz questão de frisar, mais precisamente em “Pré-Cinemas e Pós-Cinemas”, o quanto lhe pareceu benfazeja a regravação do protegido de D. W. Griffith, Christy Cabanne, para “Enoch Arden” (1915), média-metragem adaptado de um poema romântico de Alfred Lord Tennyson, que já havia sido levado às telas em 1908, sob o título “After Many Years”, quiçá mais literal, mais imediato no que tange aos efeitos do drama. Vi a segunda versão na manhã de hoje e, glupt! Eu sei, eu sabia, eu saberei...!

A trama não poderia ser mais incisiva em sua exposição prosaica: dois homens amam uma mesma mulher. Ela só poder amar um (ou, pelo menos, só pode demonstrar socialmente que ama um deles). Contrai matrimônio com o pretendente escolhido, enquanto o outro chora. se lamenta e espera. Espera pelo quê? Não sei, espera... Muitos anos depois, o marido escolhido parte numa viagem marítima em busca de fortuna. Sua embarcação naufraga, ele queda-se desaparecido por anos a fio, seus filhos crescem e, após a insistência diuturna do abandonado ainda apaixonado, a esposa fiel casa-se novamente. E, um dia, o náufrago retorna...

Incrível como poder haver tanta poesia, tanta paixão, tanta religiosidade (porque, sim, cada vez mais me convenço que amor é sinônimo de religião) num filme mudo com menos de 40 minutos de duração. E, enquanto eu lia uma obra-prima de Graham Greene e ouvia Coldplay no rádio, era como se todos soubessem o que eu estava a sentir diante daquela maravilha cinematográfica. Mas eu estava só. Ou, ao menos, me via como tal. Por favor, vejam este filme, vejam este filme. Ei-lo aqui!

Wesley PC>

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