quinta-feira, 18 de novembro de 2010

“INTRODUCING THE HARDLINE ACCORDING TO TERENCE TRENT D'ARBY” (1987) E OS PODERES DA METONÍMIA MERCADOLÓGICA

Quando eu folheio o guia “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”, volta e meia me deparo com a expressiva capa deste disco, o suficiente para que eu me sentisse deveras motivado a baixá-lo. Ao fazê-lo e ouvi-lo, porém, decepcionei-me um pouco no que tange às expectativas qualitativas acerca do que o disco representa. É o tipo de disco que temos a obrigação de ouvir não porque seja efetivamente bom, mas sim porque é historicamente relevante. O que, para mim, não é prioridade: gosto do que é bom porque é bom ‘per si’ e não porque deva ser bom enquanto aplicação de princípios. Nesse sentido, se a voz gemebunda do artista soa encantadora ao repetir os diversos “I” [conjunto de fonemas transladado: /ai/] do refrão de “Who’s Lovin’ You”, última e melhor faixa do disco. Fosse por mim, enquanto pretenso crítico musical de ocasião, eu não defenderia tanto este disco, apesar de me deslumbrar sobremaneira pela extraordinária fotografia da capa. No plano musical propriamente dito, achei-o tão significativo enquanto demonstração programada de inserção de vozes negras ao ‘mainstream’ (leia-se: corrente dominante do mercado fonográfico), quanto o são artistas tão díspares quanto o primeiro Michael Jackson, a banda de ‘rap’ Arrested Development ou o dançante Haddaway. E, mesmo sem gostar tanto assim do disco, as três faixas iniciais “If All Get to Heaven”, “If you Let Me Stay” e “Wishing Well” chamam a atenção pelo tom concomitantemente cínico e apaixonado:

“Wish me love a wishing well to kiss and tell
A wishing well of butterfly tear
Wish me love a wishing well to kiss and tell
A wishing well of crocodile cheers”


E, só para constar, cada vez mais eu acredito nos poderes das preces familiares, conforme defende o cantor na primeira música...

Wesley PC>

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